O sepeense Feliciano Corrêa, 37 anos, teve em 2015 o ano mais turbulento de sua carreira no futebol. De auxiliar técnico, ele passou a gerente de futebol no Riograndense. Após a saída de Luciano Corrêa, assumiu o cargo de treinador no time principal. Livrou o clube do rebaixamento na Divisão de Acesso e conduziu a equipe de categorias de base às semifinais da Copa FGF Sub-19.
Técnico do Inter-SM acerta com o Tupi e treinador do Riograndense vira opção
Apesar de todo o esforço e do acúmulo de funções, parece não ter convencido dirigentes esmeraldinos de que era a melhor opção para seguir no comando. No último dia 7, depois da eliminação diante do Aimoré, em São Leopoldo, a mágoa de Feliciano veio à tona. Quatro meses de salários atrasados e a falta de respostas de dirigentes foram os principais problemas escancarados pelo, agora, ex-técnico do Riograndense _ ele acumulou cargos por 12 anos no clube do bairro Perpétuo Socorro.
"Fizemos tudo que podia ser feito", diz técnico do Riograndense sobre eliminação
Na tarde de sexta-feira, em pouco mais de uma hora de conversa com a reportagem do "Diário", Feliciano falou sobre as dificuldades enfrentadas em 2015 e o rumo que pretende seguir. Em um horizonte breve, ele pretende fazer uma especialização no Rio de Janeiro e estagiar em um clube de Série A do Brasileirão. E, quem sabe, amanhã, ser anunciado como técnico do Inter-SM para a temporada 2016.
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Confira, a seguir, o que Feliciano diz a respeito de alguns temas pertinentes nesta sua saída do Estádios dos Eucaliptos.
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A mágoa com o Riograndense
"Expus uma situação que estava difícil de encarar. Ficar 60 dias sem presidente e, depois, 120 dias sem receber. Sem suporte necessário, principalmente na base. Falta de material esportivo, de bola. As pessoas não têm comprometimento em assumir o clube. Tem algumas pessoas que acham que entendem tudo de futebol, mas não é bem assim."
A direção sumiu
"Depois que a Lisete (Frohlich, ex-presidente) saiu, ficamos sem saber a quem recorrer. Pais e mães de atletas perguntavam para mim sobre os salários. Muitos deles (jogadores) ajudam em casa também. Isso tornou o trabalho difícil. Nunca tivemos respostas sobre a definição dos salários. Pedimos ao menos uma previsão, inúmeras vezes. E que a diretoria se fizesse presente. Depois que a Lisete saiu (21 de agosto), a direção se reuniu conosco apenas uma vez após muita insistência."
Agradecimento à ex-presidente
"A Lisete é uma pessoa que estuda e que se atualiza. E isso faz bastante diferença. O que faltou foi uma equipe que desse suporte para ela colocar em prática as ideias dela. Ela ficou muito sozinha e, mesmo assim, conseguiu fazer com que o clube evoluísse. Pagou quatro folhas de salários em dia (Divisão de Acesso). Ela abriu as portas do clube, conseguiu patrocinadores e colocou o Riograndense na mídia nacional. Só tenho a agradecer pelas oportunidades que ela me deu como auxiliar, gerente de futebol e técnico."
Faltam profissionais ao Riograndense
"O que o clube precisa é que cada um assuma uma responsabilidade e uma função. Quem tem que organizar o futebol é o departamento de futebol. Quem precisa organizar o marketing é o departamento de marketing. Se eu não evoluir e aprimorar os meus conhecimentos, talvez, daqui a pouco tempo, eu tenha a minha carreira encerrada, defasada ou vou treinar apenas equipes de pequeno porte ou de categorias de base. Os dirigentes também precisam evoluir."
Técnico no futebol amador
"Vou fazer uma parceria com o Pintado (Amigos do Pintado, de Faxinal do Soturno, time de futebol amador que está disputando a Copa da Amizade) e ajudar durante as partidas como técnico. Em contrapartida, vou fazer um curso de especialização tática no Rio de Janeiro ainda em dezembro e um estágio em uma equipe de Série A do futebol brasileiro (provavelmente o Fluminense). É importante para o meu crescimento. Vou ajudar a equipe Amigos do Pintado com o pouco de conhecimento que tenho, e vão me oportunizar fazer um curso de especialização e um estágio.
Proposta do Inter-SM
"Quando estive no Inter-SM (como atleta profissional), sempre fui bem tratado. Foi lá que realizei o sonho de ser atleta profissional. Ainda não houve nenhum contato. Se tiver que voltar ao Inter-SM, será muito gratificante. Ouvi mais de bastidores e pela imprensa sobre o interesse. Tenho sempre que buscar uma evolução e uma preparação. Não tenho mais vínculo com o Riograndense e estou livre para propostas.