A realidade é bem distante daquela vista nas luxuosas arenas das oligarquias dominantes do futebol brasileiro. Mas, para os apaixonados pelo esporte mais popular do mundo, mais do que construções imponentes, o que importa mesmo é o suor dos atletas dentro das quatro linhas. É esse espírito que levou dezenas de torcedores ao campo do 2 de Novembro, no bairro Noal, periferia de Santa Maria, na tarde de domingo.
O motivo: assistir ao confronto entre as equipes amadoras do Vasco da Gama e do Cerro Porteño. O jogo foi válido pela segunda rodada da segunda fase da primeira divisão do Campeonato Citadino Amador 2015.
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Sem precisar driblar as restrições vistas em jogos profissionais, antes mesmo de os atletas entrarem em campo, a criançada já fazia o "reconhecimento do gramado". Enquanto os pequenos estufavam as redes, acessório de luxo em campinhos improvisados nas periferias, os jogadores das duas equipes se abraçavam para o tradicional ritual antes do começo do jogo. Os foguetes de 12 tiros ainda estouravam no céu quando o árbitro autorizou o início da partida.
Engana-se quem pensa que a ausência de salários milionários no final do mês emprestou um clima amistoso ao confronto. Em campo, o que se viu foram atletas correndo, distribuindo carrinhos e pleiteando cada jogada como se disputassem uma final de Libertadores da América. Sem contar com arquibancadas imponentes, os torcedores, muitos vestindo camisetas da dupla Gre-Nal, acomodavam-se ao redor do gramado sentados em bancos de madeira e cadeiras de praia. "Estavam todos impedidos. Não adianta fazer choradeira", gritava uma torcedora.
A partida terminou com vitória do Vasco, por 3 a 2, e deu uma amostra do clima nas partidas que mobilizam cerca de 2,5 mil jogadores amadores e movimentam os quatro cantos de Santa Maria.