Muitos americanos consideram o futebol um esporte aborrecido porque são marcados poucos pontos em uma hora e meia de jogo.
Agora eles não podem mais reclamar.
No amistoso entre a seleção deles e a do Brasil, realizado ontem à noite no moderno Estádio do Patriots, em Boston, foram feitos cinco gols. Quatro a favor da Seleção Brasileira. Além disso, houve uma série de resplandecentes atuações individuais que deram cor à partida, sobretudo no segundo tempo.
Mas no primeiro também aconteceram coisas boas. A melhor delas, o meia Willian, que jogou tentando entrar na área em diagonal, decolando da direita, sempre com ousadia, sempre em velocidade. Willian invariavelmente conseguia driblar seus perplexos marcadores americanos. Bateu muito embaixo da bola em dois chutes de fora da área, fazendo com que ela passasse dois metros acima do travessão, mas foi ele quem entrou ziguezagueando na área aos oito minutos e meio, quando se esquivou dos zagueiros e cruzou. A bola bateu na trave, ricocheteou e caiu nos pés de Hulk, que cortou para dentro e fez 1 a 0.
Nas arquibancadas situadas atrás das traves defendidas pelo goleiro Brad Guzan, a pequena torcida organizada de soccer de Boston, chamada "Americanos Fora-da-lei", murchou. O time não ajudava. Os brasileiros, maioria no estádio, empolgaram-se um tantinho a mais e, minutos após o gol, sem razão aparente, começaram a xingar a presidente Dilma. Mas o coro ofensivo não foi adiante. A torcida voltou a se concentrar na movimentação de campo, onde Douglas Costa, Marcelo, Hulk e Lucas Lima jogavam quase tanto quanto Willian.
Mas ainda não era um jogo de grandes entusiasmos. Nenhum lance excitou mais a torcida do que a promoção ocorrida no intervalo: meninas uniformizadas deslizaram para as margens das arquibancadas munidas de curiosas máquinas lançadoras de camisas. Eram pequenos canhões manuais de plástico que atiravam camisas da seleção americana para os torcedores, uma alegria.
No segundo tempo, sim, os torcedores voltaram a festejar o futebol graças ao ingresso de Neymar. Pena que ele entrou e Willian saiu. De qualquer forma, Neymar justificou a expectativa da torcida já no começo: aos 4 minutos, ele invadiu a área e deu um corte no zagueirão Geoff Cameron, que, cintura dura, o derrubou: pênalti. Neymar cobrou e fez.
Marcelo Grohe só assistia à partida. Praticou uma defesa fácil aos 12 minutos, pegando um chute rasteiro, de longe, e outro aos 38, numa batida mais forte de Mix Diskerud no meio do gol. A seleção americana não justificava nem o investimento feito pela federação do país, que gastou 170 mil dólares para cobrir o campo sintético de futebol americano com uma camada de terra e grama de verdade de quatro dedos de altura.
Sobre ela, a grama, o Brasil se soltou. Aos 18 minutos, Rafinha patrocinou linda jogada entre os zagueiros e colocou para o gol: 3 a 0. Três minutos depois, Neymar teve sangue frio para dominar a bola em meio a toda a defesa americana, escolher uma estreita fresta por onde meter a bola e atirá-la exatamente ali: 4 a 0. Os brasileiros atacavam com volúpia, driblavam, só eram parados com faltas. No fim, Danny Williams chutou de longe e Marcelo Grohe não conseguiu espalmar para fora. A bola entrou, para consolo americano: 4 a 1. Foi um bom amistoso. E a torcida retribuiu. O jogo terminou com a Seleção recebendo aplausos que havia tempo não recebia e ouvindo um grito antigo, mas bonito: "Brasil! Brasil! Brasil!"
ESTADOS UNIDOS
Guzan; Cameron (Spector, 27'/2°), Orozco (A), Alvarado e Ream; Bedoya (Williams, 38'/2°) (A) Bradley (Johansson, 33', 2°), Yedlin, Jones (Diskerud, 27'/2°) e Zardes (Wood, int.); Altidore (Morris, 11'/2°).
Técnico: Jurgen Klinsmann
BRASIL
Marcelo Grohe; Fabinho, Miranda (Marquinhos, 21'/1°), David Luiz e Marcelo; Luiz Gustavo (Fernandinho, 20'/2°), Elias, Lucas Lima (Lucas, 18'/2°) e Willian (Neymar, int.); Douglas Costa (Rafinha Alcântara, 18'/2°) e Hulk (Firmino, int.).
Técnico: Dunga
Gols: Hulk (B), aos 8min do 1° tempo; Neymar (B), aos 5min, Rafinha (B), aos 18min, Neymar (B), aos 21min do 2° tempo; Williams (E), aos 44min do 2º tempo.
Arbitragem: Joel Aguilar, William Torres (El Salvador) e Douglas Bermudez (trio de El Salvador)
Local: Gillette Stadium, em Foxborough, em Massachusetts
Próximo jogo
Eliminatórias à Copa de 2018
Chile x Brasil
8/10/2015
Estádio Nacional, em Santiago (CHI)
22h
*ZHESPORTES