Não será simplesmente mais um clássico. O Ca-Ju 278 deste domingo, às 19h, no Centenário, pela Série C nacional, estará carregado de sentimentos. Amor, ódio, alegria, tristeza e até vingança de 2010. Não vingança no sentido de violência, mas de provocação sadia na troca de gozações. A famosa gangorra que permeia os clássicos mundo afora está outra vez em movimento na rivalidade caxiense.
Há cinco anos, os torcedores do Caxias se divertiam com o provável rebaixamento do Juventude para a Série D justamente em um duelo no mesmo estádio. Agora, ocorre justamente o inverso, com o Ju imponente em cima e o grená ameaçado embaixo. Talvez não haja em outra cidade uma gangorra tão dinâmica quanto à da dupla Ca-Ju.
De 1995 a 2007, o Juventude vivia o melhor momento de sua história. Convivia com os grandes clubes na elite do futebol brasileiro, a tão sonhada e hoje distante Série A do Brasileirão. Era um momento em que a gangorra estava estática, com o Caxias embaixo, na maior parte do período na Série B, e o Ju lá em cima.
E quando o Ju caiu para a Série B, o Caxias já tinha caído para a C. Até mesmo o título gaúcho de 2000 foi uma melhora momentânea diante de um rival também campeão estadual dois anos antes e campeão da Copa do Brasil no ano anterior.
Só que o futebol é dinâmico e o mundo gira com velocidade. Nem o mais fanático juventudista pensaria que um dia a gangorra iria virar em tão curto espaço de tempo. De 2006 a 2011, o Juventude despencou da Série A para a D, enquanto o Caxias caiu para a terceira divisão em 2005 e se estabilizou nela até agora.
E justamente por isso, ficou na parte de cima da gangorra do final de 2010 a 2013, ano em que o Juventude conquistou o acesso e voltou à Série C. Isso sem contar as boas campanhas grenás no Gauchão, como o título da Taça Piratini de 2012 e o vice-campeonato do primeiro turno estadual do ano anterior.
E se há um ano marcante nessa rivalidade dos últimos anos, esse é o de 2010. Justamente em um clássico Ca-Ju disputado no Centenário, como o deste domingo, é que houve a maior desforra dos grenás. Após o empate de 2 a 2 com dois gols do colombiano Palácios, o Caxias empurrou o Juventude para um provável rebaixamento, o que se consumou na última rodada em Criciúma. Naquele 29 de agosto de 2010, torcedores e jogadores do Caxias desfilaram com caixões verdes como se fosse um troféu.
Só que o futebol é dinâmico e o mundo gira com velocidade. A reação alviverde começou em 2013, com Lisca e seus comandados conquistando o vice-campeonato da Série D e chegou agora a uma situação oposta em relação à de 2010. Cinco anos depois, a gangorra pode se inverter de vez, com toques de crueldade.
O Juventude está no G-4 e sonha em voltar para a Série B, enquanto o Caxias foi rebaixado no Gauchão e tenta desesperadamente escapar do rebaixamento para a Quarta Divisão nacional. Na semana em que o clássico comemorou 80 anos, o destino pode manter seu curso ou ser mudado somente dentro de campo. Novamente no mês de agosto. Outra vez no Centenário.
Rivalidade
Gangorra em movimento no Ca-Ju dos 80 anos neste domingo
Caxias e Juventude se enfrentam às 19h no Centenário com lembranças de 2010
Adão Júnior
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