Quando esteve em Caxias do Sul no final de junho, o técnico dinamarquês da seleção brasileira feminina de handebol, Morten Soubak, estava incomodado com o momento da modalidade no país. Mesmo com o título mundial conquistado há dois anos, nada mudou.
- Para o técnico da seleção, é triste de ver que não consigamos ter mais equipes de todo Brasil e em alto nível - disse o treinador na oportunidade.
Mais uma prova veio nesta semana, com a confirmação dos participantes da Liga Nacional feminina, que inicia no próximo dia 29. Serão apenas seis times participantes, com dois estreantes. No ano passado, eram 10. A equipe caxiense Apahand/UCS, da armadora esquerda Keila, está confirmada.
Novo Hamburgo (RS), Força Atlética (GO), Santo André (SP), Cascavel (PR), Espírito Santo Handebol (ES) e Blumenau/FURB (SC) abandonaram a disputa, fato que já havia ocorrido com Itapevi (SP) e Umuarama (PR) no ano anterior. Já os paulistas São José dos Campos e Pinheiros se inscreveram na competição. O motivo para as desistências é financeiro.
Em 2014, a Confederação Brasileira de Handebol recebeu o incentivo do Ministério do Esporte e do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) para subsidiar parte dos gastos das equipes com viagens, estadia e alimentação. A promessa era que nos anos seguintes o investimento seria incrementado.
- A notícia ruim chegou em julho, com o anúncio da Confederação dizendo que todo incentivo seria retirado e que as equipes deveriam arcar com as suas despesas - conta Rafael dos Santos, o Brasa, diretor técnico da Apahand.
A equipe caxiense será a única representante gaúcha e projeta um déficit de R$ 60 mil ao final do ano para cobrir as despesas do torneio. Será a sétima participação consecutiva do time na Liga.
- Pelo compromisso com os patrocinadores, confirmamos a participação na Liga. Como 100% dos recursos da associação são oriundos da Lei de Incentivo e do Fiesporte, é inviável e contra os itens propostos nos editais a troca de objeto, não podendo investir o dinheiro em outro projeto. Porém, com esse cenário, é possível considerar o abandono da competição no ano olímpico - explica Rafael.
O campeonato será disputado em turno e returno, seguido pelas semifinais, em dois confrontos, e final. A decisão do título ocorre em 7 de novembro e tem transmissão prevista do Sportv.
Triste realidade
Crise financeira afeta a Liga Nacional de Handebol Feminino, que terá a equipe caxiense Apahand/UCS
No país campeão mundial, Liga terá apenas seis times na disputa. Competição inicia dia 29
Maurício Reolon
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