Todo dia é dia, mas hoje é oficial. Muito se fala sobre, mas pouco se explica. O dia nacional do futebol é comemorado neste 19 de julho graças ao vovô mais querido do Rio Grande do Sul e que consequentemente deveria ser abraçado pelos fanáticos espalhados pela pátria que um dia já calçou chuteiras, mas após os 7 a 1 não tá merecendo nem kichute. Tudo começou quando Johannes Minnemann, um alemão radicado por aqui, trouxe em sua bagagem a ideia de difundir em Rio Grande a modalidade esportiva sensação na Europa. As informações são do Esportchê.
Sem chuteiras coloridas. Quiçá, algum calçado padrão. A peronha começou saracotear aqui nestes pagos que tanto idolatramos. Obviamente que o Esportchê não poderia deixar passar em branco essa linda história do Sport Club Rio Grande que foi fundado em 19 de julho de 1990 iniciando toda essa idolatria pelo futebol brasileiro. Viaje conosco!
Quando o futebol ainda era pouco conhecido, lá pelo fim do século XIX, um grupo de descendentes de Albion resolveu iniciar a prática do esporte, fundando um clube na cidade de Rio Grande. Foi ali na Noiva do Mar que as primeiras jogadas aconteceram. Embora a fundação do clube tenha acontecido nesta data, há registros de que já praticavam o esporte desde 1898 com um bola importada da Inglaterra, pois não existiam fabricantes em nosso continente. Dizem que era boa para chutar, mas horrível para cabecear.
Foi por uma nota redigida em alemão que os moradores de Rio Grande, pelo menos os da colônia germânica, souberam da existência daquele esporte novo em que 22 homens tentavam chutar uma bola de couro. Assinada pelo alemão Johannes Minnemann, o convite anunciava que haveria um jogo de futebol às 9h30min do dia 14 de julho de 1900, no campo do Clube de Tiro Alemão. Havia ainda um aviso: após a partida, seria discutida a criação de um clube em Rio Grande. Não só rolou o jogo como também colocaram o sonho em prática: criaram o Sport Club Rio Grande iniciando a história do futebol brasileiro e contra fatos não há argumentos.
O tricolor vovô foi fundado 23 dias antes da Ponte Preta e grandes clubes como: Flamengo, Botafogo, Vasco da Gama e Vitória – que são anteriores a 1900 – não nasceram como clubes de futebol. Portanto, em homenagem ao clube, o dia 19 de julho foi escolhido pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) como o “Dia do Futebol”.
No mesmo ano em que foi fundado, o Rio Grande fez seu primeiro jogo oficial. No dia 7 de outubro de 1900, as equipes B e A do clube se enfrentaram em um campo atrás do cemitério católico. Se hoje falta preparo físico, isso e aquilo, naquela época jogavam 110 minutos e gratuitamente. Pênalti era considerado uma covardia, e só era marcado quando algum jogador colocava a mão na bola. Se um time estava vencendo, cobrava o pênalti para fora. Era proibido reclamar das marcações do juiz. O futebol de hoje não está chato?
As cores do clube que são o verde, amarelo e o vermelho que foram escolhidas em homenagem ao Rio Grande do Sul que sempre acolheu os estrangeiros. Procurando aumentar o número de seguidores do esporte, em 1903, o clube realizou um jogo num campo improvisado no atual Parque Farroupilha onde foi aplaudido pelo povo porto-alegrense que até então, não conhecia o futebol. A primeira peleia realizada em Porto Alegre, por dois “teams” do clube rio-grandino, terminou empatada.
Em 1904, o Rio Grande adquiriu o seu campo no Boulevard Buarque de Macedo. Este campo foi comprado pela importância de Cr$ 1.200,00. Até então, as partidas eram disputadas no local onde existiam as oficinas da Viação Férrea, na cidade marítima. Com a disseminação do esporte, o clube excursionou por muitas cidades do estado e do país. Em 1912, o Sport Club Rio Grande enfrentou o Combinado Paulista e o público rio-grandino conheceu as jogadas do saudoso Rubens Sales, nome que foi admirado por todos esportistas brasileiros da época.
Em 1932, o Rio Grande empatou por 2 a 2 com o Botafogo do Rio de Janeiro, numa partida memorável. Naquele ano, o Botafogo havia se sagrado campeão carioca. Faziam parte do time do Botafogo jogadores de grande classe, como Martim Silveira, Nilo, Carvalho Leite e outros. O primeiro Pavilhão, no Estádio das Oliveiras, palco de grandes jogos e vitórias importantes, construído em 1911 com ajuda dos sócios do clube e da comunidade da região, foi destruído por um incêndio em 1934. Porém, não acabou com o sonho do Sport Club Rio Grande, que reergueu um novo Pavilhão, construído de alvenaria e passou a abrigar os torcedores, que desde o início apoiavam e lotavam o estádio para assistir as exibições da equipe.
Em 1936, o Rio Grande enfrentou o Combinado Carioca, com o qual empatou por 1 a 1. Defendendo o Combinado Carioca estava o famoso Leônidas da Silva e outros renomados jogadores. Por várias vezes, o Rio Grande mediu forças com adversários de outros países. O Estudiantes de Montevidéu, o Wanderers de Melo e o Rampla Juniors de Montevideo já pisaram no campo do veterano Rio Grande.
No mesmo ano, em Porto Alegre, o S.C. Rio Grande levantou o título de Campeão Estadual de Futebol do Rio Grande do Sul, abatendo o Vitoriense de Santa Vitória do Palmar, o Farroupilha de Pelotas, o Novo Hamburgo (da cidade de mesmo nome) e, finalmente, o Internacional de Porto Alegre, campeão porto-alegrense. O título veio em melhor de duas contra o Internacional. O time do Rio Grande que levantou o Campeonato Estadual de 1936 estava assim constituído: Ernestinho, Darinho, Paulinho, Pesce, Fruto, Juvêncio, Sanguinha, Cazuza, Curruíra, Munheco, Chinês, Tocco, Marzol e Roberto; e esteve confiado à seguinte comissão técnica: presidente, dr. Oswaldo Miller Barlem; secretário-tesoureiro, Oscar Lema Garcia; técnico, Comte. Gustavo Cramer Filho.
Em 2000, como homenagem ao centenário do clube, o vovô foi convidado pela Federação Gaúcha de Futebol (FGF) para participar da 1ª divisão do Gaúchão. Esse campeonato recebeu o nome de “Copa Sport Club Rio Grande – Um Século de Futebol”. Jogou a 1ª fase no Grupo 1, junto com Esportivo, Caxias, São José-POA, Veranópolis, Pelotas e Inter-SM. Acabou em 5º, com 12 pontos em 12 jogos. Pela campanha, não seria rebaixado, mas voltou para Segunda Divisão por ter sido apenas convidado. Naquele mesmo ano, acabou também jogando a Segunda Divisão (pois essa começou meses depois), fazendo uma péssima campanha. Além do convite para disputar o Gauchão, o Rio Grande realizou um jogo festivo para comemorar os 100 anos, recebendo no Estádio Colosso do Trevo (do rival Rio-Grandense, atualmente fechado) o Fluminense, do Rio de Janeiro.
Parabenizamos todos torcedores do vovô neste dia tão especial em que tem viventes espalhados em todas as partes do país publicando sobre o dia nacional do futebol sem ressaltar o aniversário deste clube tão querido no Rio Grande do Sul que merece o reconhecimento pela importância nesta história do ludopédio que sim, é pampeano e serve de modelo à toda terra. Temos muito orgulho de fazer parte do futebol gaúcho!
*Texto de Vinícius Conrad