Na tarde desta terça-feira, o presidente da CBF, Marco Polo Del Nero foi convocado para participar da sabatina na Comissão de Esportes da Câmara dos Deputados, com o objetivo de prestar esclarecimentos sobre o seu envolvimento e o da CBF no esquema de corrupção da Fifa. Durante a sessão o atual mandatário da entidade explicou alguns pontos questionados pelos parlamentares.
Sobre participação de Del Nero nos contratos da gestão anterior
"Eu acompanhava os contratos quando era chamado. Para alguns, eu era chamado para participar e para outros, não. Eu participava como ouvinte e podia opinar, o presidente me permitia isso. Mas em um regime presidencial a palavra final era sempre do presidente".
Sobre seu relacionamento com Delfim Peixoto
"Sempre foi ótimo. O presidente Delfim, no processo eleitoral (da CBF), esteve conosco. Sempre foi um grande companheiro, tenho só elogios ao trabalho dele".
Sobre os critérios utilizados pela CBF para contratação das empresas de marketing esportivo
"Não contratamos empresas de marketing. Não tem nenhuma empresa fazendo propaganda para a CBF. Isso não existe".
Sobre o conhecimento dos negócios de Marin
"Não compartilho e não sabia disso. Eu estava no mesmo hotel que ele e fiquei sabendo por telefone que ele havia sido detido. Considero ele um irmão, mas não posso responder pelos atos dele".
Sobre Felipão e o vexame da Seleção na Copa de 2014
"Ele é um grande técnico de futebol. Nós temos que lembrar que ele foi campeão do mundo em 2002 e que ele bateu a Alemanha naquela ocasião. Ele é um homem descente, íntegro e o melhor técnico naquele momento. Mas acho que se não tivesse aquela história de 'família' e de manter os mesmos jogadores de 2013, talvez poderíamos ter um resultado diferente".
Já teve alguma sociedade com José Hawilla
"Não, não tínhamos sociedade com ninguém".
Sobre uma possível renúncia da presidência da CBF
"Renuncia quem tem alguma coisa errada na vida. Eu não renuncio, não. Vou até o final. Vou cumprir o meu mandato porque tenho uma obrigação com meu eleitorado. Eu não vou renunciar não, eu vou ficar lá até o último dia do meu mandato".
Sobre o nome de Marin retirado da sede da CBF
"Retiramos para preservar a entidade. Houve uma determinação da Fifa do banimento imediato do vice-presidente por 90 dias. Se ele for absolvido, o nome dele vai figurar novamente".
Sobre quem possa ser o "conspirador nº12"
"Sobre o conspirador nº12 eu não sei e não tenho ideia de quem possa ser. Só sei que eu não sou, não fiz nada errado. Tenho minha vida limpa".
Sobre possíveis interferências em escalações da Seleção Brasileira
"Ninguém interferiu em escalações. Nunca ninguém pediu escalações. Nunca houve isso e se alguém fizer, o técnico desiste, vai pra casa. Não existe isso".
Sobre seu trabalho na Conmebol
"Me indicaram para ser membro da Fifa representando a Conmebol. Houve uma mudança radical com a eleição do novo presidente, o Napout. Eu trabalhei em favor dele, com a promessa dele mudar a Conmebol. A América do Sul tem um presidente de bem e uma diretoria boa buscando fazer o melhor pelo futebol".
Sobre a possível quebrar seu sigilo fiscal, telefônico e bancário
"Se tiver alguma suspeita, o poder judiciário tem esse poder. Se tiver que abrir, vai abrir. Porque é que eu vou abrir? Se tiver que abrir, o Poder Judiciário tem o poder para isso".
Sobre o conhecimento de uma investigação sobre seu mandato
"Não tenho notícia que eu esteja sendo investigados. Não tenho nenhuma intimação, não tenho conhecimento disso".
Sobre as contribuições da CBF com as investigações
"As contribuições que nós demos foram de imediatamente entregar os contratos ao Ministério da Justiça e a Procuradoria Federal".
Sobre o contrato da Nike
"Não tenho nada a reclamar da Nike. O contrato da Nike é um belíssimo contrato, eles pagam em dia. O que aconteceu com anos passados eu não sei e nem sei se aconteceu. Por isso que tem que ser investigado. Os contratos da Nike já foram entregues ao Ministério Público Federal e ao Ministério da Justiça".
Sobre a assinatura de contratos investigados
"Nenhum contrato que está sendo investigado foi assinado depois do presidente Marin. Eu não tinha conhecimento e não sei se ele tinha. Eu não assinei nenhum contrato questionado. Como presidente eleito que assinei somente o balanço. Tenho absoluta confiança no departamento financeiro e esse eu assinei sem ter lido. Nenhum contrato investigado tem relação com o balanço".
Sobre a prisão de Marin
"Corta o coração saber que ele está preso, dói saber que um amigo está preso. Peço a Deus que ele tenha força e é claro que a gente sente. Não consegui falar com o presidente Marin em nenhum momento. Só os familiares podem falar com ele".
Durante a sessão da comissão, os deputados informaram que solicitaram à justiça americana um ofício com todos os detalhes da investigação possíveis de ser revelados.
*ZHESPORTES
Bombardeado
Del Nero é sabatinado por deputados e afirma ter "a vida limpa"
Presidente da CBF foi convocado para prestar esclarecimentos sobre seu envolvimento e o da entidade no escândalo da Fifa
GZH faz parte do The Trust Project