O francês Michel Platini, 59 anos, ex-jogador convertido em dirigente, se prepara para ser reeleito nesta terça-feira presidente da União Europeia de Futebol (Uefa), entidade na qual começará um terceiro mandato.
A eleição em Viena, na Áustria, se apresenta como uma simples formalidade para a ex-estrela da Juventus, que se tornou praticamente uma unanimidade na entidade europeia desde que assumiu o cargo de presidente em 2007.
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Platini é o único candidato à própria sucessão, o que dá a ele tapete vermelho para começar um novo mandato de quatro anos. Ele poderia até ser reeleito sem ter que passar por votação, simplesmente por aclamação dos representantes das 54 federações que compõe a Uefa, da mesma maneira que em 2011, quando iniciou o segundo mandato.
Muitos queriam, inclusive, que Platini tivesse mais ambição e fosse candidato nas eleições presidenciais da Fifa, mas estes terão que esperar.
- Não foi uma decisão fácil, optei por ficar no lugar onde me sinto bem. É minha decisão. Ainda não chegou minha hora de ir à Fifa, quem sabe um dia... Veremos - repetiu na semana passada o ex-capitão da seleção francesa em conversa com internautas, jogadores e técnicos no YouTube.
Ainda não chegou a hora de mudar o perfil e assumir a Fifa. Platini, partidário de uma limitação de idade e mandatos, viu seus projetos sendo recusados no último congresso da entidade que rege o futebol mundial, em junho passado, em São Paulo.
No próximo dia 29 de maio, em Zurique, Joseph Blatter, de 79 anos, será reeleito para um quinto mandato à frente da Fifa, salvo uma enorme surpresa.
Na Uefa, Platini soube deixar sua marca pessoal, da mesma maneira que fazia dentro de campo.
- A maior diferença entre a era Lennart Johansson (seu antecessor à frente da Uefa) e a era Platini é que, agora, a Uefa tem um presidente 'executivo', que está aí, presente todos os dias no escritório, envolvido na gestão. Antes dele, o presidente tinha um escritório na Suécia e era o vice que tomava conta dos assuntos pendentes - contou à AFP uma testemunha das duas épocas.
A mudança não foi apenas interna.
- Platini abriu totalmente as portas da Uefa - descreve outro habitual frequentador da entidade.
A Uefa de Platini inova sem parar. A Eurocopa de 2020 será disputada num formato inédito, em 13 cidades e 13 países diferentes. A Liga das Nações, uma nova competição que substituirá grande parte dos amistosos entre as seleções do continente, será organizada a partir de 2018 e oferecerá vagas na Eurocopa-2020, uma maneira de incentivar as equipes que participam destas partidas.
A maior revolução promovida pela gestão Platini foi a implementação do "fair play" financeiro, que proíbe os clubes de gastarem mais do que arrecadam, sob risco de punições, como exclusão de competições da Uefa. Contudo, nem tudo é um mar de flores para Platini. Na época de jogador, recebia entradas e carrinhos violentos, o que não mudou tanto na vida de dirigente.
Ao revelar que tinha votado a favor do Catar na eleição para sede da Copa do Mundo-2022, para provar que sua visão de futebol não se limitava à Europa, Platini viu o nome envolvido no "Catargate" por alguns veículos da imprensa, mas sem ter sequer uma prova apresentada contra ele.
O francês é agora um dos primeiros a pedir a publicação do famoso dossiê Garcia, que leva o nome do investigador da Fifa que teve a missão de analisar se houve ou não corrupção no processo de atribuição das sedes das Copas de 2018 e 2022.
A Fifa precisa de "novos ares", costuma repetir Platini. Para a Uefa, o dirigente afirma que uma das grandes prioridades do próximo mandato é "trabalhar contra a descriminação, trabalhar contra o racismo".