O presidente da Fifa, Joseph Blatter, passou momentos de saia-justa durante o congresso da Uefa, realizado nesta terça-feira em Viena, onde outros candidatos à presidência da entidade que rege o futebol mundial discursaram e criticaram o dirigente suíço, presente à reunião.
Blatter, que busca um quinto mandato na Fifa aos 79 anos, permaneceu sentado por grande parte das quase oito horas de duração da reunião do comitê executivo da Uefa, que serviu para reeleger o francês Michel Platini como presidente.
Blatter não foi vaiado. Discursou na abertura do congresso, pela manhã, como presidente da Fifa, insistindo na mensagem de "unidade e solidariedade" na família do futebol. O suíço foi aplaudido educadamente pelos representantes das 54 federações europeias que, sem dúvida, não votarão nele no congresso da Fifa de maio, quando será eleito o próximo presidente da entidade, seguindo as ordens de Platini, que pede "novos ares" na Federação Internacional.
A Uefa ofereceu oportunidade aos quatro aspirantes à presidência da Fifa de discursar para os dirigentes do futebol europeu.
Blatter recusou a oferta, argumentando ser o presidente da Fifa há 17 anos. Os três rivais aceitaram.
Michael van Praag, presidente da Federação Holandesa, disse "respeitar" Blatter e o que o suíço fez na entidade, mas lamentou o fato da imagem da Fifa ter sido prejudicada pelas acusações de "nepotismo, corrupção, etc.".
- É preciso uma mudança de liderança, corresponde a nossa geração fazer uma limpeza. Não podemos seguir com o mesmo homem que é o responsável pelo estado atual da Fifa. Não ambiciono permanecer presidente da Fifa por 20 anos, só quatro (um mandato) - declarou.
O príncipe Ali, da Jordânia, um dos vice-presidentes da Fifa, também foi duro:
- Vivemos um momento crucial. Dentro e fora da Fifa, podemos ouvir vozes contra a maneira que é comandada a Fifa. Os problemas estão profundamente enraizados, devemos tratá-los em família. No mundo todo, há uma vontade de mudança. A Fifa tem que dar uma resposta e abandonar suas práticas autoritárias.
O terceiro candidato à presidência da entidade, o ex-jogador português Luis Figo, vencedor da Bola de Ouro de 2000, começou o discurso afirmando que não fará campanha "contra as pessoas", mas, em sua análise, não evitou referências ao atual presidente. Figo declarou que a Fifa cometerá um erro se o funcionamento da entidade continuar baseado "em um só homem, o presidente".
Figo pediu uma maior participação das federações nas tomadas de decisões da Fifa.
Críticas a Blatter também foram lançadas pelo anfitrião do congresso da Uefa.
- Me considero simplesmente um companheiro de vocês. No máximo, o capitão - disse Platini. - Não um capitão de um barco que, em plena tempestade, se segura no cargo custe o que custar. Não, simplesmente, num capitão de uma equipe vencedora - ironizou, referindo-se ao discurso de Blatter em 2011, quando o suíço se declarou o capitão que guiaria o barco de Fifa por águas mais tranquilas.
Blatter abandonou a sala de reunião com um sorriso, apertando mãos, como de costume.