Já foi dada a largada para mais um mundial de surfe nesta sexta-feira. Na praia de Gold Coast, na Austrália (local onde fica a sede da World Surf League [WSL], antiga ASP, entidade que capitaneia a competição), os 34 surfistas do primeiro escalão entram na água para o primeiro round de 2015. Não é, porém, um começo tão trivial. Há uma grande diferença neste ano: é a primeira vez que o campeonato terá um brasileiro como defensor do título.
A taça erguida por Gabriel Medina, no ano passado, quebrou paradigmas no surfe mundial. Considerados intrusos em uma cultura antes dominada por atletas australianos e norte-americanos, os brasileiros (são sete neste ano, mesmo número da última temporada), hoje, iniciam o tour mais integrados ao ambiente da competição. Mais do que isso: entram para serem desafiados, e não o contrário.
- Os brasileiros sempre foram considerados invasores. Mas o fato de termos conquistado o título mundial nos coloca, agora, como um player que sempre vai disputar os campeonatos - afirma Túlio Brandão, jornalista e colunista do site Waves.
Além de Gabriel Medina, os representantes verdes-amarelos serão Miguel Pupo, Filipe Toledo, Jadson André, Adriano de Souza, Wiggolly Dantas e Ítalo Ferreira - esses dois últimos fazem sua estreia na competição. As duas baixas brasileiras são Raoni Monteiro e Alejo Muniz. Ambos caíram para o WQS, a série de acesso do surfe. Muniz, no entanto, já conquistou uma importante etapa em 2015, também na Austrália, e tem boas chances de figurar novamente na elite mundial no próximo ano.
O fator Medina
Para Brandão, Medina é um dos favoritos a vencer de novo o tour. A concorrência é pesada, claro. Mas há uma diferencial: de acordo com Brandão, o garoto de Maresias alcançou a tão sonhada façanha sem estar, ainda, no seu auge técnico.
- O Gabriel é um garoto que ainda tem muito para evoluir. A família dele sabe disso. Ele sabe disso. Ele já está no seu auge físico, mas ainda tem muito a crescer tecnicamente - avalia.
A parada está, de fato, longe de ser um mar de rosas. A lenda do esporte Kelly Slater ainda não pensa em aposentadoria, e irá em busca de seu 12º título. O australiano Mick Fanning, tricampeão, continua com um surfe muito apurado e com gana de vencer. Joel Parkinson, o Parko, não pensa diferente: partirá para conquista de sua segunda conquista.
Além dos "medalhões", jovens como o havaiano John John Florence, o australiano Julian Wilson e o sul-africano Jordy Smith despontam como atletas em ascendência.
- É muito difícil arriscar palpite sobre o possível campeão. Todos que estão ali surfam em alto nível. Eu não costumo citar nomes por causa disso. - assinala Brandão.
O Quiksilver Pro Gold Coast, primeira das 11 etapas do tour, abre sua janela de competição nesta sexta-feira. Junto à competição feminina, a disputa segue até, no máximo, dia 11 de março. A etapa seguinte, também na Austrália, será a partir do dia 1º de abril.
Começaremos a ver, portanto, a partir desta sexta-feira, quem será coroado no Havaí, em dezembro, com a taça mais cobiçada dos oceanos.
Veja os confrontos do Round 1 previsto para esta sexta-feira (em negrito, os brasileiros):
Bateria 1: Joel Parkinson (AUS) Miguel Pupo (BRA) Brett Simpson (USA)
Bateria 2: Michel Bourez (PYF) Sebastian Zietz (HAW) Ricardo Christie (NZL)
Bateria 3: Kelly Slater (USA) Freddy Patacchia Jr. (HAW) C.J. Hobgood (USA)
Bateria 4: John John Florence (HAW) Jadson Andre (BRA) Glenn Hall (IRL)
Bateria 5: Mick Fanning (AUS) Matt Banting (AUS) Jack Freestone (AUS)
Baterias 6: Gabriel Medina (BRA) Wiggolly Dantas (BRA) Dane Reynolds (USA)
Bateria 7: Jordy Smith (ZAF) Kai Otton (AUS) Jeremy Flores (FRA)
Bateria 8: Adriano de Souza (BRA) Filipe Toledo (BRA) Dusty Payne (HAW)
Bateria 9: Taj Burrow (AUS) Bede Durbidge (AUS) Keanu Asing (HAW)
Bateria 10: Josh Kerr (AUS) Adrian Buchan (AUS) Matt Wilkinson (AUS)
Bateria 11: Kolohe Andino (USA) Julian Wilson (AUS) Italo Ferreira (BRA)
Bateria 12: Owen Wright (AUS) Nat Young (USA) Adam Melling (AUS)