Um grupo de torcedores palmeirenses teria atacado um jovem que vestia a camiseta do Corinthians. Bateram tanto que o corintiano não sobreviveu. Algumas horas após o linchamento cruel, corintianos invadiam as redes sociais prometendo vingança. Quer dizer, vem mais mortes por aí.
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Não sei se o torcedor corintiano foi vítima inocente da insanidade de alguns palmeirenses e tampouco sou capaz de prever se os corintianos cumprirão suas ameaças atacando algum palmeirense inocente. Sei, apenas, que não faz bem para a saúde sair às ruas de São Paulo vestindo a camisa do seu clube. Principalmente se estiver sozinho. Na maior cidade do Brasil, o futebol dá licença para matar.
No Rio Grande do Sul, todos os finais de semana são marcados por assassinatos, 10, 20 ou mais, sempre envolvendo o tráfico de drogas. São mortes que não causam mais comoção porque a sociedade já conhece as causas e até festeja o desaparecimento semanal de traficantes que circulam oferecendo a droga e cooptando novos dependentes. No Estado dos gaúchos, a droga dá licença para matar.
Enquanto a delinquência se extermina na escuridão das madrugadas, outro tipo de bandidos age sob a luz do sol, sem a preocupação de se esconder por achar que o futebol garante a impunidade.
Quando o confronto se dá entre grupos rivais, não existem inocentes. Mas, quando vários torcedores atacam um único adversário, a covardia exige punição. É diferente de quando bandidos matam bandidos. Neste caso, que se danem. Morrer pelo futebol é que não se concebe.
Barbárie
Domingo passado, jogaram Standard Liége e Anderlecht, da Bélgica. Lá pelas tantas, torcedores do Standard abriram uma bandeira enorme na qual se via o capitão do Anderlecht, ex-jogador do Standard, com a cabeça decepada. Não eram seguidores do Estado Islâmico mas apenas torcedores de um time, inconformados com a transferência do seu jogador para o clube rival. Em que mundo estamos vivendo?
Opinião
Wianey Carlet: na maior cidade do Brasil, o futebol dá licença para matar
Wianey Carlet
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