Garibaldi será alvo de denúncia do Tribunal de Justiça Desportiva

A suposta prática da Associação Garibaldi de Esportes (AGE) de cobrar de alguns jogadores estadia, alimentação e até as taxas de inscrição na Federação Gaúcha de Futebol será alvo de denúncia no Tribunal de Justiça Desportiva (TJD).

Albano Franco, procurador-geral do TJD gaúcho ingressará nos próximos dias com pedido de abertura de inquérito para ouvir jogadores e ex-jogadores do Garibaldi, além da direção do clube sobre as cobranças mencionadas.

- Queremos saber o que todos os envolvidos têm a dizer, para apurarmos as responsabilidades - disse Franco. - Clubes que disputam a Terceirona, como o Garibaldi, ganham inscrições da Federação. Que história é essa de cobrar dos atletas? Vamos investigar isso - acrescentou o procurador.

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O Ministério Público também está atento ao caso e aos demais que poderão surgir. Após reportagem de Zero Hora em que o lateral-direito Sidnei Gomes diz ter pago para jogar por três meses pela AGE sem jamais ter recebido os salários que constavam em contrato, o Sindicato dos Jogadores Profissionais do Rio Grande do Sul passou a receber novas denúncias, envolvendo atletas de outros clubes do Interior.

- Havendo notícia do envolvimento de jogadores com menos de 18 anos nas mesmas condições do Sidnei no clube, o Ministério Público vai apurar os fatos e cobrar responsabilidades - afirmou o promotor de Justiça de Garibaldi, Paulo Manjabosco.

- Queremos conhecer as condições de risco, de dignidade mínima e de estudos nas quais se encontram os jogadores do Garibaldi. Enfim, saber se o clube cumpre com todas as exigências que deveria ter com os atletas - completou o promotor.

Segundo o presidente em exercício da Federação Gaúcha de Futebol, Luciano Hocsman (Francisco Novelletto está em viagem aos EUA), a entidade vai aguardar um possível julgamento do caso no TJD para tomar providências. Hocsman se mostra surpreso e ressalta que a FGF incentiva os clubes pequenos a se manterem em atividade, dando a eles 25 inscrições gratuitas de atletas para as competições.

- Vamos monitorar esta denúncia. Desconhecemos este tipo de procedimento dos clubes. A Federação não tem este poder de fiscalizar o clube. É um órgão registral. Esse tipo de denúncia jamais chegou à Federação. Queremos ouvir o que o clube tem a dizer. Fazemos de tudo para viabilizar as equipes no Estado. Na divisão de Acesso e na Terceirona, os times contam até com pacote de isenções nas inscrições - justificou Hocsman.

Na quinta-feira, na Justiça do Trabalho de Porto Alegre, ocorrerá a primeira audiência de Sidnei Gomes com a AGE. Durante os três meses em que permaneceu no clube, Sidnei afirma ter pago R$ 3,3 mil (R$ 600 por mês para estadia e alimentação mais R$ 1,5 mil para ser inscrito na Federação Gaúcha de Futebol), sem receber os R$ 800 mensais de salário do clube.

- O Sindicato dos Atletas Profissionais se surpreendeu com o número de novas denúncias que começaram a surgir a partir da divulgação do caso Sidnei. Vamos averiguar todas elas, mas estamos preocupados. O que parecia ser a exceção pode ter virado prática - afirmou o advogado do Sindicato, Décio Neuhaus.