O reinado chegou ao fim. Na tarde desta segunda-feira, em São Januário, Juninho Pernambucano, apelidado carinhosamente pelos vascaínos de Reizinho da Colina, anunciou sua aposentadoria do futebol. Em entrevista coletiva, o agora ex-jogador fez um resumo de sua vitoriosa carreira e chorou ao lembrar dos primeiros passos, no Sport.
- Não tenho muita coisa que falar, além de falar da aposentadoria. Muito mais agradecer a todos que pude conviver durante esses 20 anos como jogador. Resolvi parar porque depois da última contusão tinha praticamente decidido parar e acabei recuperando e sendo convencido a fazer pré-temporada para tentar voltar e disputar o Carioca, até pela possibilidade real de uma conquista antes de parar. Mas treinamentos foram difíceis, não estava mais reagindo, não ia mais conseguir, sempre fui um atleta competitivo que sempre fui e algumas vezes parecia que ia dar, mas finalmente preferi tomar essa decisão. Não estava, honestamente falando, disposto a aceitar, passar por todo sacrifício de treinamento todos dias, estava mais difícil e sempre falei que ia parar quando perdesse prazer de me preparar para jogar. Ainda me considero privilegiado. Claro que não é fácil, mas também acredito que está sendo mais fácil do que imaginava. Se o Roberto parou, se Romário parou, Zico parou, outros craques, não teria como me comparar a eles, então não teria como não chegar esse dia pra mim - disse Juninho, para depois, se render às lágrimas.
- Fica lembrança de troféus conquistados naquela geração 1997 e 2011, como desse também, como aquele que foi eliminado da Libertadores e fica aqui um agradecimento especial ao Sport (nesse momento Juninho começa a chorar e fica alguns segundos em silêncio). Desculpa... Foi lá onde tudo começou. Caminho foi difícil e acertadamente vim ao Vasco, eles nunca entenderam minha preferência pelo Vasco, lamento por isso, mas reconheço e sou grato pelo inicio de carreira, mas aqui onde me realizei e onde me tornei jogador completo e onde terminei minha formação. Isso incomodou muito porque sou nordestino, vim de Recife, nunca vou deixar de ser. Garotos que lá estão, começando, que dá para conseguir então. Obrigado ao Sport e obrigado ao Vasco.
Presente na entrevista coletiva, o presidente Roberto Dinamite fez questão de deixar as portas abertas para Juninho e o presenteou com o título de sócio proprietário benfeitor do Vasco.
- Momento para mim bastante difícil, mas ao mesmo tempo motivo de satisfação e prazer ter convívio ao longo de alguns anos com esse atleta, ser humano, pai, filho... Que representou e representa na História do Vasco. Por tudo o que fez dentro e fora do campo. Tentei convencer a ele mudar de ideia, mas tomou decisão que temos de respeitar. Desejar sorte cada vez mais e dizer que Vasco vai estar sempre aberto para recebê-lo como fez no período como atleta - declarou o mandatário, entregando o título de sócio benfeitor ao jogador.
Ainda não foi definido como será a despedida de Juninho dos gramados. Mas, segundo o ex-jogador, isso deverá acontecer somente no intervalo entre o fim do Carioca e o início da Copa do Mundo. E o possível adversário deve mesmo ser o River Plate-ARG, rival que sofreu o gol mais memorável de Juninho, na Libertadores de 1998.
Aos 39 anos, Juninho vinha se recuperando de uma lesão na coxa direita, sofrida na reta final Brasileiro de 2013. No fim do ano, ele disse que pensaria durante as férias se continuaria atuando ou se abandonaria os gramados.
Após convite da diretoria vascaína, Juninho aceitou retornar ao clube durante a pré-temporada deste ano para disputar o Campeonato Carioca pelo Cruz-Maltino antes de pendurar as chuteiras. Mas, em meio aos treinos, ele acabou decidindo parar de vez.
Juninho é um dos maiores ídolos da história do Vasco, tendo participado de alguns dos principais títulos do clube, como a Libertadores de 1998 e os Brasileiros de 1997 e 2000. No total, ele teve três passagens pela Colina. A primeira começou em 1995. Ainda muito jovem, ele foi contratado junto ao Sport e viveu momentos gloriosos com a camisa cruz-maltina.