Ele vai para a área de saque. Se posiciona com o lado esquerdo voltado para a rede e recolhe as mangas da camisa, expondo a tatuagem com a bandeira de Cuba. Gira 180 graus enquanto lança a bola com a mão direita e salta para, do alto de seus 1m93cm, disparar um ataque seco com a mão canhota. Do outro lado, os adversários apenas observam o "pelotão" de fuzilamento.
O carrasco é Ángel Dennis, oposto cubano de 36 anos contratado na semana passada pelo Kappesberg/Canoas. A cena descreve o que o clube gaúcho espera para a temporada 2013/14 - manter o respeito dos oponentes conquistado com a campanha na última Superliga, em que chegou aos playoffs.
Dennis foi anunciado pela direção do Canoas após dois meses de negociação. Ele encerrou a última temporada pelo Bolívar, da Argentina, com duas copas vencidas, mas sem o título do campeonato nacional. Entusiasmado com o projeto que o técnico Paulão lhe apresentou, decidiu se mudar para o Brasil. Enquanto aguarda pacientemente pela transferência entre as federações, o cubano já treina no Ginásio do Unilasalle e assiste os companheiros atuarem no campeonato estadual.
- Pouco a pouco, treinando, vamos adquirir uma estrutura - afirma.
O oposto serviu por cinco anos à seleção cubana. Foi campeão da Liga Mundial em 1998, disputou outras duas finais e angariou troféus como o Pan-Americano, em 1999, e a Copa América, em duas oportunidades. Na última década, alternou camisas na Itália e tornou-se cidadão italiano. Além de títulos, conquistou experiência, a amizade do central Gustavo Endres - com quem jogou no Latina - e o conhecimento tático de voleibol.
- Na Itália, se trabalha muito a técnica e a tática, se estuda muito o adversário. É um segredo fundamental. Sabe-se jogar o vôlei como um todo. Isso nos ajuda, pois muitas coisas se repetem em outros lugares - garante Dennis.
Formado como oposto nas categorias de base, jogou boa parte da carreira como ponteiro, mas voltou a atuar na saída de rede nos últimos anos, já que não tem no passe uma grande virtude. Seus pontos fortes são mesmo o ataque potente e o saque violentíssimo. Característica, aliás, compartilhada com outros reforços adquiridos pelo Canoas neste intertemporada. O meio-de-rede Giovanni foi o melhor sacador da última Superliga. Com tanto talento na primeira bola de cada ponto, o técnico Paulão deve adaptar a equipe para contar com este arsenal.
- Vai depender de o treinador definir como vai querer jogar. Mas seguramente o saque é uma arma para jogar um pouquinho mais tranquilo - admite.