A Sociedade Hípica Porto Alegrense abre as portas, nesta quarta-feira, para cinco dias em que as estrelas têm quatro patas. Astros como são, os cavalos do The Best Jump têm tratamento especial para garantir que rendam o máximo nos saltos.
É o caso de Sagaz e All White, os dois cavalos com os quais a presidente da Hípica, Maria Luísa Amodeo Daiello, 44 anos, irá disputar provas ao longo do torneio. Ela é a primeira a zelar pelos animais. Tanto que, quando ouvem sua voz perto das baias, há uma agitação. Batem a pata da frente no chão, ensaiam coices com as detrás e espicham o pescoço através da janela para receber, das mãos de Maria Luísa, pedaços de cenouras.
GALERIA: Confira imagens dos preparativos para as provas
Quando se ausenta, ela passa a Ezequiel Vicente de Almeida, 29, a função de mimá-los. O tratador cuida dos animais como uma babá zela por crianças, garante a presidente da Hípica:
- Preciso ter segurança de que alguém está cuidando bem deles.
Os cuidados são diários e começam pelas 7h - mais cedo que isso só em dia de competição. No café da manhã, comem ração, ao meio-dia, alfafa, e ao fim da tarde, um ou outro. Lá se vão 12 quilos de comida por dia para manter os corpanzis de quase meia tonelada. O pelo brilhoso é cuidado com escova e em banhos diários, faça frio ou sol. Aliás, a temperatura da Zona Sul exige cuidados especiais: quando desce dos 15°C, o que é frequente nesta época do ano, os bichos usam capas. Almeida os conhece pelas expressões:
- Quando este mexe muito o beiço ou rola demais na baia, é que está ruim - diz, indicando Sagaz enquanto massageia os tendões de Van Gogh.
Na Hípica, os estábulos são como hotéis cinco estrelas. O feno no chão garante o conforto e a cobertura protege da chuva. Os que participam de competições mais profissionais têm até acesso restrito. Os cuidados são sempre especiais, e os tratadores monitoram para que o animal tenha do bom e do melhor à espera do torneio.
Se o preparo nos estábulos é para assegurar o bem-estar dos bichos, há também correria nas pistas para deixar a passarela perfeita. A colocação dos obstáculos, a altura e a distância são meticulosamente estudadas pelo desenhista de percurso. O responsável pelas provas nacionais do The Best Jump é o paulista Carlos Alberto Raposo Lopes. Ele explica que cavalos mais jovens têm obstáculos mais fáceis - as alturas vão de 1m10cm a 1m50cm. Lopes, ex-cavaleiro que projeta pistas há 20 anos, defende a evolução.
- Os cavalos novos, que têm de cinco a sete anos, ainda estão em aprendizado, mas a exigência aumenta ao longo das seletivas - afirma.
Até a decoração é primorosa. As estrelas na disputa saltarão entre flores coloridas, sob aplausos na plateia.
O torneio
Começa quarta-feira o The Best Jump, com atletas da América do Sul e da Europa. As disputas vão até domingo, na Sociedade Hípica Porto Alegrense (Estrada Juca Batista, 4.931, Porto Alegre), com entrada franca. As principais provas são a Copa das Nações, no sábado, e o Grande Prêmio de Porto Alegre, qualificativa para o Mundial, no domingo.
Dica ZH - Warm Up
A prova de maior destaque da quarta-feira é a Warm Up - Carro + Cavalo, às 20h, em que os animais fazem o mesmo percurso que um automóvel para comparar os desempenhos.