O caminho do Flamengo rumo ao bicampeonato da Libertadores passa por Porto Alegre. Pelo menos para parte da torcida rubro-negra. Com a mudança repentina de sede da final única de Santiago, no Chile, para Lima, no Peru, os flamenguistas tiveram muita dificuldade para encontrar voos com preços acessíveis até a capital peruana. Diante dos valores exorbitantes cobrados por algumas companhias aéreas, a conexão na capital gaúcha acabou sendo uma das alternativas mais baratas para os torcedores cariocas chegarem à cidade da decisão contra o River Plate, marcada para o sábado (23).
Na manhã desta quarta-feira, vários flamenguistas embarcaram às 6h25min no voo 918, da Avianca, que faz o trajeto Porto Alegre-Lima sem escalas e em cerca de cinco horas. Pelo menos dezenas de rubro-negros devem fazer o mesmo trajeto ao longo da semana, até o dia da final.
— Eu comprei a passagem para Santiago logo depois que nós eliminamos o Inter (nas quartas de final). Ali, consegui um voo espetacular pela Emirates, partindo direto do Rio de Janeiro, por apenas R$ 2 mil, incluindo a volta. Só que, com a mudança de sede, eu não consegui remarcar o voo, pois a Emirates não tem rota para a Lima. Então, comecei a pesquisar e cheguei a ver uma passagem por R$ 28 mil, com escalas em Fortaleza, Miami e Puntacana. Sem condições, né? Aí, em um grupo de WhatsApp de flamenguistas, me falaram desse voo via Porto Alegre, que tinha um preço bem mais acessível. Vim ontem (terça) do Rio, dormi em Porto Alegre e estou embarcando agora — conta o empresário Rodrigo Faria, de 42 anos.
Apesar do bom momento do time de Jorge Jesus, o torcedor carioca acredita que a equipe atual do Flamengo ainda precisa vencer a Libertadores para superar o esquadrão de 1987, que conquistou a Copa União.
— Estou superconfiante no título da Libertadores. O time vem jogando um futebol bonito e envolvente, como há muito nós não víamos no Brasil. Mas sabemos que o time do River é qualificado e experiente. Vai ser uma parada dura, mas isso aqui é Flamengo. Eu vi pouco o time de 1981, por causa da minha idade. Mas acho que esse time atual pode bater o de 1987, que também era uma seleção. Mas para superar aquele time de Leandro, Andrade, Zinho, Zico, Bebeto e Renato, tem que ganhar a Libertadores — opina Rodrigo.
Já o servidor público carioca Bruno Roriz, de 41 anos, que mora em Telêmaco Borba, no interior do Paraná, planejou-se com muito mais antecedência para estar presente na primeira final em jogo único da história da Libertadores, em Santiago. Porém, como muitos torcedores, foi surpreendido com a mudança de sede para Lima.
—Eu marquei as minhas férias nesta época especialmente para ir à final da Libertadores. Comprei as passagens para Santiago em março, mesmo sem saber se o Flamengo estaria classificado. Viríamos eu, minha esposa e minha filha. Conseguimos um preço muito bom. Pagamos R$ 3,1 mil para nós três, incluindo ida e volta. Porém, com a mudança de sede para Lima, eu não consegui remarcar a passagem. A companhia aérea apenas me reembolsou o valor integral. Só que aí eu tive que procurar um novo voo, e os valores estavam inviáveis. Até que eu achei esse voo por Porto Alegre. Dos preços que tinham, era o melhor, e com horário mais viável. Cheguei hoje (quarta) à 1h na cidade e fiquei cochilando no aeroporto até a hora do voo — relata Bruno.
Orgulhoso da história e da força do Flamengo no futebol brasileiro, o torcedor acredita que é essencial para o clube voltar a ganhar títulos internacionais, o que não ocorre desde 1999, ano da conquista da Copa Mercosul.
— Não lembro de ver o Flamengo chegando tão bem e em uma fase tão boa a uma final. Em 1981, eu tinha três anos, então não acompanhei aquele time. E, desde que comecei a ver futebol, o Flamengo sempre foi mal em Libertadores. E, por tudo que o nosso clube é no Brasil, o Flamengo deveria ganhar mais, deveríamos ser como um Boca Juniors em nível internacional. Por isso, temos que ganhar essa Libertadores — declara Bruno.
Já o comerciante carioca Judas Tadeu, de 55 anos, encarou seis horas de ônibus na madrugada entre Florianópolis, cidade onde mora, até Porto Alegre para pegar o voo rumo a Lima. Apesar da força do River Plate na competição, o flamenguista está feliz por enfrentar o poderoso time de Marcelo Gallardo na decisão.
— Vim de "busão" de Floripa para Porto Alegre e peguei esse voo, que era o mais barato. Estou indo a Lima principalmente pela final ser contra um time argentino. Não queria pegar um Sporting Cristal-PER da vida ou um Peñarol-URU quebrado. Quero que seja contra eles (River Plate) mesmo — exclama.
Os torcedores flamenguistas pagaram quantias que giram em torno de R$ 5 mil a R$ 7 mil pelo voo a Lima com conexão em Porto Alegre, valores realmente bem acima do que pagariam caso a final permanecesse em Santiago. Porém, muito abaixo dos preços exorbitantes cobrados por outras companhias aéreas. De qualquer forma, para os rubro-negros que embarcaram rumo ao Peru, é um preço mais do que justo pela oportunidade de testemunhar um título histórico do time do coração.