Edgardo Bauza prometeu: o São Paulo chegaria forte às decisões. Quem duvidava, pensava nos problemas enfrentados nos jogos mais duros até aqui. Quem acreditava, confiava na nova personalidade, ainda adormecida, do Tricolor. E foi assim, aguerrido até a última gota de suor, que a equipe de Patón amassou o River Plate (ARG), venceu por 2 a 1 e manteve as séries perfeitas que defendia no Morumbi pela Copa Libertadores da América - 100% contra argentinos no estádio (nove jogos) e seis vitórias seguidas em casa no geral na Copa. E, claro, graças a Jonathan Calleri.
Jony sabe o que quer e, acima de tudo, sabe que tem pouco tempo para fazer. É assim que ele coloca a mão na massa e conduz os companheiros para uma marcação mais intensa a cada partida. O que esperar, então, do reencontro com seu rival íntimo dos tempos de Boca Juniors? O sangue do argentino ferveu com o Morumbi lotado e, depois de 28 minutos, retribuiu ao fazer o caldeirão borbulhar com um "derechazo", como definiu o Diário Olé.
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Antes de ver Calleri afundar Barovero aproveitando cruzamento de Bruno, o São Paulo já havia perdido três boas chances e esbarrava em tática eficiente de Marcelo Gallardo. Mas em uma noite de Libertadores com casa cheia, é preciso mais do que organização. Valeu, é claro, a perfeição de João Schmidt e Ganso nos passes, mas o que mudou tudo foi a entrega de Hudson, Maicon e companhia.
O River entendeu que seria necessário mudar muito para tentar incomodar os paulistas. Denis pôde assistir ao jogo porque seus volantes eram impecáveis e muito bem guarnecidos pelos zagueiros. Os visitantes, porém, mudaram. Entraram na pilha e ameaçaram pressão, abafada por um Denis seguro como nunca. E como dito há pouco, os argentinos entravam na pilha. Até demais.
Hudson, elétrico e incansável, cavou falta na ponta esquerda e Michel Bastos foi para a cobrança. O meia era quem destoava no Tricolor, mas caprichou para dar sua quarta assistência no ano, aos 14 da etapa final. E adivinha quem se atirou na área como se não houvesse amanhã? Calleri, claro. O jogador de "huevos", de "jerarquia", como gostam de dizer os hermanos. Jony não para. Já são dez gols no ano, sete na Libertadores, três a menos do que o lendário Pedro Rocha, o maior artilheiro estrangeiro do São Paulo no torneio internacional.
Depois de tanta entrega, o talento sobrou com os chapéus de Ganso. E Patón aproveitou para descansar Calleri, o dono da noite, substituído por Alan Kardec. O problema é que a rotação são-paulina caiu demais e nova desatenção de Denis permitiu que o River descontasse aos 37 minutos. O gol de Alonso interrompeu série de cinco jogos do São Paulo sem levar gols no Morumbi pela Libertadores, mas não evitou o sexto triunfo consecutivo no estádio pelo torneio.
E mais: na Libertadores, agora são nove encontros com argentinos no Morumbi e nove vitórias. O Tricolor renasce na temporada, chega a oito pontos no Grupo 1 e depende de um empate contra o The Strongest (BOL) na quinta-feira da próxima semana para chegar às oitavas de final. O River tem a mesma pontuação, mas lidera a chave no saldo. Já no domingo, às 18h30, Edgardo Bauza terá de começar a cumprir a promessa de alcançar a final do Campeonato Paulista, no duelo das quartas contra o Osasco Audax.
*LANCENET