A vitória do Inter no Gre-Nal, celebrada como a consolidação de um modelo e de vários jogadores, deixou uma interrogação no Inter. É que a entrada de Bruno Tabata no lugar de Gabriel Carvalho foi entendida como fundamental para o time chegar ao 1 a 0. De fato, o meia que veio do Catar participa ativamente da construção do gol e deu nova vida ao meio-campo. Agora, o debate é sobre sua permanência entre os titulares ou a manutenção da jovem promessa colorada.
Há prós e contras para cada escolhas, é claro. E é preciso sabedoria para tomar essa decisão sem que abale um ou outro. Ainda que, no futebol contemporâneo, não são 11 jogadores por time, mas 15 ou 16, contando com as substituições. O que significa que a opção de Roger será apenas para começar a partida, não necessariamente para terminá-la.
Há uma diferença básica entre os dois jogadores, antes de mais nada. Gabriel é destro, Tabata é canhoto. Enquanto Gabriel preferencialmente abre para a ponta, busca a linha de fundo, em nome da perna boa, Tabata fecha para o meio, pela mesma razão. No Gre-Nal, o Inter iniciou com apenas um canhoto no time, Bernabei, já que Thiago Maia estava suspenso. Com a volta do volante, aumentaria o número mesmo sem Tabata.
Os números deixam clara a influência de Gabriel e de Tabata. Embora tenham o mesmo número de gols e apenas uma assistência de diferença, as estatísticas mostram que o jovem é mais aplicado taticamente. Ele tem cinco vezes mais desarmes, cometeu quase o dobro de faltas e conseguiu 10 desarmes, contra nenhum do jogador contratado no meio da temporada.
Por outro lado, Tabata é mais ativo ofensivamente. Acertou duas vezes mais cruzamentos e, proporcionalmente, contribui mais para finalizações, tanto com passes quanto sendo ele mesmo o executor.
Essa troca, porém, envolve além do desempenho em campo. Gabriel Carvalho é a maior joia surgida na base do Inter desde o goleiro Alisson. Aos 17 anos, está na lista de promessas do jornal The Guardian, da Inglaterra. Há esperança entre os colorados de que, depois de dar resultado esportivo, transforme-se também na maior venda da história do clube. Por isso, uma troca precisa ser bem fundamentada. Ao mesmo tempo, caiu de rendimento, o que não deixa de ser normal para um guri. E o time precisa estar em primeiro lugar, especialmente para o treinador.
Com a experiência de ter testemunhado dezenas de histórias parecidas, o repórter José Alberto Andrade, memória viva do Grupo RBS, aponta:
— Não é urgente, nem sequer necessária, a saída do jovem Gabriel Carvalho do time do Inter. Ele está tendo uma natural queda de produção, uma vez que passou a ser mais visado pelos adversários e assumiu maiores responsabilidades na equipe colorada. Paralelo a isto, Bruno Tabata, mais experiente, apresentou bom rendimento no Gre-Nal, acrescendo em qualidade coletiva em relação ao garoto. Nada mais normal do que haver uma troca para o início do jogo contra o Atlético Mineiro. Não estará caracterizado um fracasso de Gabriel ou que ele esteja sendo barrado por falta de capacidade. Não pode haver trauma para um jovem que será tranquilamente absoluto no time principal num futuro próximo. Faz parte da maturação dos guris abrirem vagas para quem faz o time render mais.
Quem viveu na pele essa situação foi Daniel Carvalho. Igualmente fruto da base colorada, sobre quem havia grande expectativa, o ex-meia foi recebendo oportunidades, oscilando e aprendendo. Conseguiu ser campeão pelo Inter e render dinheiro aos cofres colorados. Para ele, o campo é quem decide a titularidade.
— Futebol é momento, tem de pensar no que é melhor para o time. Faz parte ter altos e baixos, acontece com todos os jogadores, não importa a idade. Tabata estava no bom momento, machucou e saiu, esperou o momento e voltou bem. Gabriel é uma grande promessa, vai ter uma grande carreira. Mas é preciso pensar em resultado, em vitória, e para isso, precisa colocar quem está melhor no momento. Gabriel faz parte dos 13, 14 jogadores de confiança de Roger, sabe que vai jogar. E precisa estar pronto para entrar a qualquer momento — resume.
A tendência, para o jogo contra o Atlético-MG, às 19h deste sábado (26), é de que Gabriel Carvalho continue entre os titulares. Mas é possível dizer que, mais certa ainda, é a participação de ambos, seja juntos ou um no lugar do outro no decorrer da partida, como já vem ocorrendo.
No Brasileirão
Gabriel Carvalho
- 15 jogos
- 1026 minutos
- 1 gol
- 2 assistências
- 18 assistências para finalização
- 361 passes certos
- 66 passes errados
- 23 finalizações
- 10 finalizações certas
- 7 cruzamentos certos
- 11 desarmes
- 10 interceptações
- 18 faltas cometidas
Tabata
- 8 jogos
- 518 minutos
- 1 gol
- 3 assistências
- 13 assistências para finalização
- 140 passes certos
- 27 passes errados
- 15 finalizações
- 8 finalizações certas
- 14 cruzamentos certos
- 2 desarmes
- 0 interceptações
- 10 faltas cometidas
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