
Não era para ser sobre vencer o Vasco. Não era para ser sobre jogar bem. Era para ser exclusivamente sobre voltar para casa. Mas não foi. A derrota por 2 a 1 para o time carioca, no jogo em que o Inter voltou ao Beira-Rio após 70 dias, neste domingo (7), terminou em frustração, vaias e xingamentos.
Nem o dia nublado com algum chuvisco durante e o frio impediram o torcedor colorado de comparecer à sua casa após ver o time jogar cinco vezes como mandante longe de seu estádio devido à enchente de maio. Desde as primeiras horas do dia, a movimentação no entorno foi intensa. Aos poucos, as células vermelhas foram se aproximando da Padre Cacique para voltar a dar vida ao Beira-Rio. Para fazer o estádio pulsar outra vez.
O churrasco no Marinha estava de volta. O “compro ingresso, vendo ingresso” dos cambistas reapareceu. Os ambulantes retornaram, agora municiados da venda de mantas para aplacar o frio dos colorados. No pátio e nas arquibancadas, o reencontro dos amigos. Sejam aqueles de longa data. Sejam aqueles que se tornam íntimos desconhecidos por 90 minutos.
Muitos entraram rápido no estádio para garantir o lugar da sorte — mesmo que ela esteja longe há algum tempo. Antes de a bola rolar, o presidente Alessandro Barcellos jorrou lágrimas pelos olhos ao homenagear 114 dos tantos funcionários que se desdobraram para o Gigante retomar o seu cotidiano. Um funcionário que cuida do gramado e que deve ter suado horrores para dar condições de jogo ao piso, ergue o seu ancinho ao fazer um reparo final e vibrou com a torcida atrás de um dos gols.
A poesia do reencontro terminou por aí. Os 33 mil que encararam a noite gélida não estavam para armistício. Quando as escalações foram anunciadas, Renê e Hyoran foram vaiados. O técnico Eduardo Coudet, no vestiário, deve ter ouvido a reprovação ao seu nome também.
No primeiro tempo de superioridade colorada, o apoio ecoava. Nos momentos difíceis, a arquibancada oscilou entre a vaia e a indiferença. Os primeiros sinais de insatisfação surgiram aos 6 minutos do segundo tempo, quando um burburinho começou a reverberar.
Hyoran ganhou a companhia de Wanderson e Robert Renan, que falhou no primeiro gol do Vasco, entre os menos queridos pelo torcedor. Quando o Vasco marcou pela segunda vez aos 26, alguns colorados deixaram o estádio. Nem se importam que não viram o gol de Bustos. “Ei Coudet vai tomar no c*” saiu da garganta de quem esperou mais de dois meses para ver o time ao vivo.
No fim, uma das organizadas tentou mostrar apoio e minimizar o clima de irritação. Pouco para o tamanho da irritação de quem queria matar a saudade comemorando.





