A menos que ocorra algo muito estranho, completamente diferente do que estamos acostumados, não haverá mistério na lateral esquerda do Inter para enfrentar o Atlético-GO, às 20h de domingo, no Beira-Rio. Renê vai para o jogo. De novo. E de novo. Será sua 20ª partida na temporada. Esteve presente, nem que fosse no banco, nas 23 que a equipe disputou em 2024. O jogador é um dos homens de confiança de Eduardo Coudet e, nas últimas partidas, voltou a ganhar prestígio com a torcida.
No ano, só Bustos tem mais minutos em campo. O argentino e Bruno Henrique entraram em campo 21 vezes. Mas o volante ficou de fora da lista de relacionados em um jogo. Bustos, Renê, Rômulo e Lucca foram a todos.
Aos 31 anos, completa 32 em setembro, Renê está em excelente condição física. Mas acima disso, encontrou certa maturidade em campo a ponto de evitar desgaste desnecessário. Suas missões envolvem cobrir o lado, claro, mas também fechar pelo meio, armar, abrir espaço para que os meias abertos ocupem as pontas.
Em entrevista coletiva logo após o Gre-Nal, vencido pelo Inter por 3 a 2, Coudet saiu em defesa do lateral e ampliou essas questões táticas. Ao falar da importância do jogador, declarou:
— Se você me consegue um lateral que jogue por fora, que cruze bem, que faça a saída de três, que jogue às vezes como interno pela esquerda, que sempre dê circulação, que acerte a maioria dos passes, eu tiro o Renê. Alguém consegue? Vai seguir jogando o Renê, porque faz o que eu peço.
Naquela época, mais especificamente naquele domingo, era importante defender o lateral. Renê era considerado um vilão da eliminação colorada na Libertadores de 2023. Seguia como titular e fez um gol contra bizarro naquele clássico do Gauchão, que terminou com a virada colorada.
Bernabei chegou após isso, abriu uma espécie de concorrência na lateral. Mas, na prática, Renê segue atuando sempre. O argentino que veio do Celtic entrou em campo apenas uma vez.
No Gauchão, Renê foi quem fez o gol da semifinal contra o Juventude. No Brasileirão, teve atuações seguras contra Bahia, Palmeiras e Athletico-PR. E agora, contra o Delfín, fez sua melhor contribuição, na assistência para o gol de Wesley abrir o placar.
Afora isso, é um líder do grupo. Na ausência de Alan Patrick, divide com Mercado a braçadeira de capitão. Sempre, mesmo quando erra, dá a cara nas entrevistas pós-jogo. Ao Canal do Duda Garbi, por exemplo, analisou lances pontuais pelos quais ficou marcado:
— Minha avaliação é de que todo lance que eu poderia ter feito melhor, a culpa é minha. Perdi a bola para Arias no começo do gol do Fluminense. A do Kennedy, poderia ter tirado. Me cobro muito por isso. Somos 11, o esporte é coletivo. Mas eu errei, sei minha culpa.
É com essa personalidade que Renê cavou seu lugar para não sair do time. A consciência tática e a ascensão sobre os companheiros garantem a confiança de Coudet. O lateral segue batalhando, agora, para conseguir o tão sonhado triunfo que lhe dará trégua definitiva com a torcida. Para isso, segue jogando. Segue à disposição. Sem dar margem para a concorrência.