Ser assumidamente colorado foi uma das tantas características que destacaram a carreira de Cid Pinheiro Cabral. O jornalista autodidata que transitava com facilidade por temas que variavam da política ao esporte revelou o time do coração quando isso ainda era fato raro na crônica gaúcha. Entre 1977 e 1983, ano de sua morte, foi a voz identificada com o Inter no Sala de Redação, da Rádio Gaúcha — o segundo a assumir com destaque o posto de torcedor vermelho dentro do programa, depois de Ibsen Pinheiro. Neste 7 de abril, Dia do Jornalista, a editoria de Esportes de GZH escolheu homenagear um dos pioneiros entre os profissionais que revelaram sua paixão clubística e se notabilizaram por algo que virou uma tendência atualmente.
Nascido em 5 de maio de 1915 em São Luiz Gonzaga, na Região das Missões, Cabral ingressou no jornalismo em 1941, no jornal A Nação, ligado à igreja católica, em Passo Fundo. Descobriu-se colorado bem antes disso, na década de 1920, após assistir a um Gre-Nal, em Porto Alegre, para onde viera estudar.
Cid Pinheiro Cabral trabalhou durante 44 anos na Companhia Jornalística Caldas Júnior, na Capital. Na empresa, teve como companheiro por muitos anos o jornalista Cândido Norberto, criador do Sala de Redação. Cabral "admitiu" a veia torcedora em 1967, já consagrado na profissão. Conforme registrou o livro Sala de Redação, aos 45 do Segundo Tempo, de Cléber Grabauska e Júnior Maicá, a demora para publicizar seu time foi justificada por uma frase célebra do cronista: "Eu sempre acreditei na inteligência dos leitores".
Antes de ingressar no Sala de Redação, Cid Pinheiro Cabral se destacou como escritor — como no lançamento do livro Senador de Ferro sobre o político gaúcho Pinheiro Machado em 1965 — e, também, pela cobertura do Copa do Mundo de 1950, a primeira realizada no Brasil. Conta-se que, em 35 dias de cobertura, enviou 480 matérias para os jornalis Correio do Povo, Folha da Manhã e Folha da Tarde, além de ter trabalhado como correspondente para a Agência France Press.
Também antes de viver o colorado ácido e inteligente do Sala, Cabral colocou no currículo outro fato importante para a imprensa gaúcha. Foi o primeiro presidente da Associação dos Cronistas Esportivos de Porto Alegre (Acepa), a qual fundou junto a outros 12 jornalistas esportivos.
Já no tradicional debate esportivo da Rádio Gaúcha, protagonizou debates eletrizantes com Oswaldo Rolla, o Foguinho, ex-treinador e jogador do Grêmio, também integrante da mesa à época. Imortalizado pelos belos textos que colocava no papel, Cid Pinheiro Cabral morreu em 7 de setembro de 1983, logo após escrever sua coluna para o jornal Zero Hora. Como um dos legados, deixou o filho, também jornalista e comentarista esportivo, Claudio Cabral, que morreu em 2012.
Quem foi
Cid Pinheiro Cabral
- Nascimento — 5 de maio de 1915, em São Luiz Gonzaga
- Morte — 7 de setembro de 1983, em Porto Alegre (78 anos)
- Onde trabalhou — Passou por veículos como jornal A Nação (Passo Fundo), Folha da Tarde, Folha da Manhã, Correio do Povo, Zero Hora e Rádio Gaúcha