Mesmo sem estar na decisão do Gauchão, há uns quantos desafios para Eduardo Coudet no final de semana. Ele terá dois dias para montar o time que estreará na Copa Sul-Americana na terça-feira, 19h, diante do Belgrano, em Córdoba. Isso por si só já criaria uma série de questionamentos. Mas tem também outras tarefas, como a administração do grupo, a recuperação de jogadores e a superação da primeira crise da temporada.
Antes de tudo, Coudet tem uma questão tática a solucionar. Nos dois jogos contra o Juventude, o meio-campo foi anulado por jogadores mais físicos do adversário. O treinador constatou isso na entrevista coletiva após a eliminação, e lamentou não ter podido usar Fernando e Thiago Maia, que teriam aumentado a estatura e a combatividade das funções mais defensivas. É inegável que o talento de Aránguiz e Bruno Henrique poderia superar o adversário por meio da posse de bola, mas isso não foi possível devido à alta marcação. O melhor Inter do Gauchão teve um volante, Alan Patrick recuado e dois atacantes à frente do camisa 10.
— Minha primeira providência seria a colocação de Fernando como volante à frente da área — opinou Marcelo De Bona, narrador da Rádio Gaúcha.
Contra o Belgrano, isso poderá ocorrer. Fernando e Thiago Maia estão liberados. E não se descarta que ambos joguem, inclusive com a possibilidade de Fernando ser zagueiro. A presença deles daria liberdade para o time ter Alan Patrick e mais dois atacantes, Borré e Alario (ou Lucca, já que Valencia fará o tratamento adequado para curar as dores no pé direito). As outras posições estão abertas, sendo disputadas por Wanderson, Mauricio, Bruno Henrique e Gustavo Prado, um jovem que Coudet estuda incluir na equipe para deixar o time mais jovem e vigoroso. A defesa pode ter a estreia de Bernabei na lateral esquerda e até o retorno de Hugo Mallo na direita, caso opte por inverter o lado mais ofensivo.
O fato é que não faltam opções ao treinador. Coudet pode montar um time com viés defensivo ou defensivo, de velocidade ou de cadência, com laterais agudos ou conservadores. A eliminação no Gauchão, opinião praticamente uníssona, não mudou a expectativa para o restante da temporada.
Para isso, porém, Coudet terá de agir para além da estratégia em campo. Será sua missão juntar novamente o grupo, chacoalhar o vestiário, devolver a motivação e unir os atletas. Houve cobrança forte entre eles após a eliminação para o Juventude, o que foi considerado um bom sinal. Mas passada uma semana, o momento agora é de entender o que ocorreu e trabalhar para que isso não se repita.
O foco, é claro, estará em Robert Renan. Considerado um zagueiro promissor, com passagem até pela Seleção, terá de receber uma atenção especial após a cavadinha frustrada. Ele pediu desculpas por meio das redes sociais e prometeu trabalhar mais para reconquistar a torcida. Terá de manter a cabeça no lugar quando ouvir as vaias inevitáveis. E superá-las.
— É um bom teste para o Coudet gestor. Recuperar jogadores é premissa dos bons — comentou Luciano Potter, integrante colorado do Sala de Redação.
O ano do Inter não terminou no Gauchão. Foi o próprio Coudet, que segue com respaldo total da direção (mesmo que também tenha sido cobrado), o primeiro a buscar palavras de remobilização e de esperança ainda para 2024. É a partir de agora, com o começo da Sul-Americana e do Brasileirão, que os maiores desafios aparecem. O sonho colorado passa por passar bem pela primeira crise da temporada. Maturidade e experiência não faltam ao vestiário.