Em formato de escada, o Inter produz mais e mais chances de fazer gols, a cada jogo. Existe uma progressão ofensiva nítida, uma evolução na criação. Das oito finalizações contra o Avenida na primeira rodada, saltou para mais do que o triplo diante do Santa Cruz, no sexto compromisso. Mas, também, aumentou o desperdício.
O Inter pena para transformar tamanha produção em placar. Na quarta-feira (7), foram 26 conclusões, sendo 10 na direção do gol e apenas duas na rede. Contra o Caxias, 22 no total, seis com endereço certo, e só duas mudanças no escore.
Sobre finalizações, aliás, é importante estabelecer o conceito. A pesquisadora Antonia Dalla Pria Bankoff, professora da Unicamp, define: “Finalização é qualquer forma legal de direcionar a bola ao gol adversário. Finalização certa é quando entra ou cria necessidade de uma interferência do goleiro". Ou seja, bola na trave ou salva por algum jogador de linha não conta como finalização certa.
Na matemática fria, isso significa que, se um jogador chutar a bola do meio do campo e o goleiro defender sem problemas, conta como finalização certa. Ao mesmo tempo, se alguém concluir na área pequena e acertar a trave, vai como finalização errada. Para evitar distorções, é possível cruzar com outro dado, esse ainda mais usado no futebol, o de Gols Esperados (na sigla em inglês xG, de Expected Goals).
Esse conceito leva em conta momento da partida, equilíbrio do jogador, posição da bola, facilidade da conclusão, distância para os oponentes e para a trave, entre outros. O índice varia de 0 a 1. Quanto maior o número, mais clara foi a chance. Um pênalti, por exemplo, tem 0,7 (ou 70% de chances de ser convertido). Somando-se todas as chances forma-se um panorama de quantas oportunidades claras uma equipe criou.
Volume e desperdício de gols
Só contra o Ypiranga, segundo o Sofascore, o Inter fez mais gols do que o esperado. Diante do Santa Cruz, o volume seria suficiente para marcar, no mínimo, o dobro do 2 a 0. Até contra o Guarany, na única derrota até aqui, a equipe gerou bastante oportunidades.
Esse desperdício não preocupa o time, ao menos publicamente. Claro que o foco ficou em Valencia, que teve 10 finalizações, sendo três na direção do gol e sete para fora, mas a equipe como um todo deixou a desejar.
— Valencia fez um partidaço. Para o centroavante, o importante é ter chances de gol. E tivemos. Criamos muito. Temos muito bons atacantes, que sabem fazer gols — disse Coudet ao final da vitória sobre o Santa Cruz.
O próprio centroavante admitiu ter recebido muitas oportunidades, mas comemorou seu primeiro gol em 2024. Renê também reconheceu a criação, mas optou por valorizar a vitória:
— Tivemos várias chances, estamos de parabéns e vamos seguir assim.
Na curva ascendente do Gauchão, o Inter terá agora um desafio que não costuma gerar tantas oportunidades. Contra o São José, será preciso acertar a pontaria para continuar na luta pelo primeiro lugar.