Havia muitas dúvidas a ser sanadas com Eduardo Coudet, e sua entrevista coletiva de apresentação foi a primeira oportunidade para isso. Mas nos 37 minutos que o técnico do Inter respondeu as perguntas de mais de uma dezena de repórteres na sala de imprensa do Beira-Rio, nem tudo ficou claro.
Chacho respondeu sobre o passado umas quantas vezes (inclusive com uma alfinetada em "alguém que trabalhou com ele nos dois clubes", o que leva a crer ser Rodrigo Caetano, executivo do Inter em 2020 e do Atlético-MG em 2023), sobre o presente outras tantas, elogiou diversas vezes o grupo colorado, e sobre o time em si, quase nada.
Tudo com um "portunhol melhorado", como disse, e mais leve, sorridente, tranquilo. Está otimista. Aquela frase que falou quando estava no Atlético-MG, de que tinha uma dívida no Beira-Rio, foi repetida. Como repetida foi a palavra "trabalho". Até ele percebeu que não parava de usá-la. Trabalho e tempo. Será pouco, o tempo, até a estreia, domingo (23), às 16h, contra o Bragantino, fora de casa. Tentará, com trabalho, recompensar.
O presidente Alessandro Barcellos, que apresentou o técnico, após prestar as condolências a Luiz Adriano pela morte de sua mãe, deu alguns detalhes do retorno do técnico. Revelou que ele volta com o mesmo contrato assinado no final de 2019.
— Mostra o sentimento que moveu a decisão dele em nos ajudar nesse período. Isso traduz nossa expectativa, nossa vontade e nosso respaldo para que o trabalho atinja os objetivos.
Magrão, gerente esportivo, lembrou dos embates com Coudet nos tempos de atleta. Mas ressaltou o ambiente que encontrou quando viu o treinador retornando ao Beira-Rio:
— Tudo o que ouvi foi elogio. Do pessoal do vestiário, principalmente. Pude ver a vontade dele e da comissão de fazer parte do Inter.
A parte 2 da história de Eduardo Coudet no Inter começa agora. Neste domingo, às 16h, estreia na casamata, contra o Bragantino, fora de casa.
As saídas conturbadas de Inter e Atlético-MG
Fui claro sobre o passado. Falei quando saí, que a verdade sempre aparece. Vou revelar algo que talvez nem todos saibam: não estava fechado com Celta de Vigo. Tomei a decisão porque achei que era o melhor para o grupo. Não costumo falar quando não estou mais, porque tem outras pessoas no lugar. Não falei quando saí daqui, do Racing, do Galo.
A realidade é que se continuei com uma relação com as pessoas aqui e no Atlético-MG, quero mandar um abraço às pessoas que trabalham lá porque não pude me despedir. Mas se termina o contrato bem relacionado com todos, quer dizer que fez bem. A verdade sempre aparece. Passei por dois clubes, não completei o contrato, não saí. Tive a má sorte de encontrar a mesma pessoa nos dois clubes.
Dificuldade para cumprir contrato
Estive dois anos no Rosario Central, dois anos no Racing, dois anos no Celta de Vigo. As duas vezes que pude trabalhar no Brasil se repetiram algumas coisas que não gostei. Sempre falo as coisas na frente. Sou uma pessoa que tem palavra, uma maneira de ser. Disseram que eu tinha problemas de relacionamento, mas todos os jogadores do Atlético-MG foram na minha casa se despedir. Não acho que todos os trabalhos ficam sem ser finalizados. Aconteceu nessas duas oportunidades.
Mudança no estilo de jogo
Cada treinador tem uma maneira de sentir o futebol, não existe melhor nem pior. Vocês conhecem minha maneira de trabalhar. Mudanças levam tempo. Ontem tivemos de encurtar o treino, hoje o treino foi bom. São três dias, é pouco. Mas sinto os jogadores interessados, é um grupo com muita qualidade e com vontade de acompanhar a ideia.
Capacidade do grupo para se adaptar a seu estilo
Gosto de jogar em sistemas diferentes, mas às vezes os jogadores não estão acostumados. Vamos melhorar em cada treino e cada jogo. Estou achando que temos muita qualidade. A troca de comissão demora, mas vamos trabalhar para mudar o quanto antes.
Tempo necessário para impor seu jogo
Não tem como medir quanto tempo precisa para chegar ao time, mas vamos trabalhar para que seja o mais rápido possível.
Qualidade e quantidade do grupo
Tenho um grupo de muita qualidade, estou confiante. Mais curto do que tinha no Atlético-MG, acho impossível. Estou muito esperançoso.
John ou Rochet no gol
Para domingo, vou separar 11. Até agora, ninguém perdeu lugar e ninguém ganhou lugar. Vamos ver os 11 que iniciam. É recém o começo, tem pouco tempo até domingo. Mas é boa a competição interna.
Ofensividade
A característica dos meus times é ser ofensivo. Pode ser uma deficiência ou uma virtude, mas gosto de atacar, que meus times criem situações.
Posição de Alan Patrick
Já pensei sobre isso, mas não vou contar.
A "dívida" com o Inter
Vou trabalhar da melhor forma possível. Se tivermos a sorte de ser campeões, melhor ainda. Mas não posso prometer isso. Só posso prometer que o torcedor se sinta identificado com o que vê em campo.
Taison pode voltar?
Faz muito tempo que não falo com ele, antes conversávamos bastante. Mas agora não mais. Ah, e continuo sem redes sociais.
Contratações ou vendas de jogadores
Acabei de aterrissar, o principal era dar uma organização ao trabalho que queremos fazer. Estamos conversando com a diretoria, com o departamento de futebol. Não temos, agora, nem saídas nem entradas. Não sei se vai acontecer alguma coisa.
Aránguiz
Aránguiz é um grande jogador, voltou agora a jogar depois de um tempo. Estamos acompanhando. Estou muito contente, não só com ele, mas com o grupo todo.
Valencia
Valencia é um grande reforço, vamos tratar de aproveitar o que ele tem de melhor. Seguramente precisamos gerar oportunidades para ele.
Contato com Mano Menezes
Não tem nenhuma promessa, decidi vir quando o presidente falou que ia a minha casa para falar comigo. O primeiro que fiz foi mandar uma mensagem a Mano Menezes para saber o que acontecia, para demonstrar respeito. Ele me respondeu. Não teve nenhuma briga. Temos de melhorar e vamos enfrentar o River, o candidato ao título da Libertadores. Precisamos trabalhar para ganhar jogos. É isso o que queremos.
Como reconquistar a torcida
Nunca critiquei a qualidade do grupo, adorei trabalhar com eles. Entendo a parte da torcida que não gostou de minha saída, vou tentar convencer. Espero que possa pagar a dívida com vitórias.
Condição física
Vou trabalhar para condicionar o grupo da melhor forma. Para dar certo com a maneira que quero jogar. Hoje a carreira dura mais tempo, vamos tentar preparar todos e ver o que vai acontecendo em cada jogo.
Dificuldade no Gre-Nal
Quero ganhar sempre, ainda mais o Gre-Nal. Quando estava no Atlético, disseram que não ganhava clássicos, mas ganhei.
Está mais tranquilo?
O tempo te dá mais tranquilidade. Em campo, continuo trabalhando com a mesma intensidade. Preciso trabalhar para que meu time jogue desta forma. Não posso mudar dentro do campo, só fora.
Lucho Gonzalez na comissão técnica
Lucho é um amigo. Tem um grande currículo, vocês conhecem. Ariel Broggi está com um problema, não pôde começar agora, talvez se junte depois. Lucho é mais jovem, seguramente vai fazer a carreira, convidei para acompanhar a comissão e não teve dúvida de se juntar e querer trabalhar. Está com muita vontade.