Mais de uma década depois de deixar o Beira-Rio como atleta, Magrão voltou a conceder uma entrevista como profissional do Inter, na tarde deste sábado (27). Desta vez, o ex-volante chega ao clube, que defendeu entre 2007 e 2009, para exercer a função de gerente esportivo.
— O futebol está muito rotativo. O que fizemos no ano passado, vamos fazer diferente no ano que vem. Podemos carregar a nossa essência, mas não posso achar que o que eu fazia lá atrás, é certo hoje. As coisas mudaram. Por isso, penso que estou preparado para assumir este cargo, mas também tinha o desejo de voltar para minha casa, onde fui muito feliz, onde tenho raízes. O presidente falou em desafio, mas trabalhar no Inter é um orgulho e prazer — destacou ele.
Com a mesma sinceridade que era uma de suas marcas na época de jogador, o ídolo colorado revelou que o namoro com a diretoria não começou agora. Já havia recebido duas propostas, em outubro do ano passado e em janeiro deste ano. Porém, não pôde aceitar antes porque trabalhava em um clube dos Estados Unidos.
— Até sexta-feira eu trabalhava no Inter Miami, onde eu era um funcionário não só com papel de gestão individual de atletas que eu indicava para lá, mas de análise de mercado. Então, isso me capacitou e atualizou ao que é o futebol hoje. Eu trago a mesma essência de 2007, 2008 e 2009, que é a parte sanguínea, de não gostar de perder e gostar de ganhar. Mas também neste período que trabalhei na Major League Soccer (MLS), aprendi muito de mercado, de gestão — contou.
A passagem pela MLS, aliás, ajuda a minimizar uma possível polêmica. Quando resolveu se aposentar dos gramados, em 2015, após defender o Novo Hamburgo, o ex-volante atuou como empresário e intermediário em negociações. Contudo, deixou claro que não haverá conflito de interesses com o papel exercido agora.
— Eu fui empresário até 2019. Eu não sou empresário. Quando eu parei de jogar futebol, eu tinha que me recolocar no mercado. Não dava para ficar em casa cortando grama. E desta maneira, participei da gestão de carreira de grandes jogadores que chegaram à Seleção Brasileira. Em 2019, fui obrigado a me desligar e tirar qualquer vínculo de empresário para trabalhar na liga norte-americana — explicou.
O contrato de Magrão com o Inter vai até o fim da temporada, quando também encerrará a gestão de Alessandro Barcellos, que ainda poderá ser reeleito. E, apesar da chegada do novo componente à direção, o presidente destacou que a contratação não foi feita para preencher as lacunas deixadas pelas recentes demissões do diretor-executivo William Thomas e do coordenador técnico Sandro Orlandelli.
— A minha função é tentar ser o interlocutor entre o Mano (Menezes), vestiário e diretoria. Seria um membro da diretoria em contato diário com o pessoal de campo. Além disso, trabalhei nos últimos dois anos com o pessoal da análise tática. Então, já fiz reunião com o pessoal do CAPA (Centro de Análise e Prospecção de Atletas) e disse que eu era o primeiro a chegar e o último a sair. Quero transitar nestas áreas do clube para não só ajudar, mas também aprender. Meu cargo não fica só de interlocutor — concluiu Magrão.