Teve Brasileirão, como se nada estivesse acontecendo no futebol do país. No dia em que mais nomes de jogadores da Primeira Divisão apareceram como suspeitos de participar de esquemas de manipulação de resultados, a bola rolou como sempre rola no Brasil, em qualquer circunstância. No Beira-Rio, Inter e Athletico-PR, duas das equipes que tiraram do confronto atletas mencionados na investigação do Ministério Público de Goiás, se enfrentaram pela quinta rodada. Derrota colorada, 2 a 0.
Além de interromper uma série de 27 jogos de invencibilidade no Beira-Rio e ser a segunda seguida pelo Brasileirão, o time de Mano Menezes já está na segunda página da tabela do Brasileirão, com sete pontos em cinco jogos, sendo três em casa. Houve vaias e protestos da torcida.
Pela enésima vez no ano, o Inter teve 30 minutos de superioridade sobre o adversário. E nenhum gol. Perdeu três chances claríssimas, sendo duas na trave, e depois disso, esgotou-se. A estratégia do Athletico-PR, segundo o capitão Thiago Heleno, era justamente essa: segurar o primeiro tempo e matar o jogo no segundo. Funcionou à perfeição.
Mano lamentou a repetição das cenas já vistas anteriormente:
— Tenho certeza de que temos de ouvir bastante coisa depois de perder como perdemos. O torcedor está repleto de razão em cobrar. Sentimos agravar a situação de produção da equipe e acima de tudo se repetir algumas situações, como o bom primeiro tempo. Criamos bastante, chutamos no poste, tivemos infelicidade em não colocar a bola na rede. O segundo tempo não foi igual, não produzimos, o Athletico-PR melhorou com as mudanças. Ficamos longe. O jogo estava equilibrado, eles melhores. E cometemos algumas falhas. Uma delas é não sustentar a defesa nos momentos de dificuldade. Levamos dois gols.
Ao final da partida, o goleiro Keiller deu um discurso indignado:
— A gente não tem que falar mais nada. A gente não pode falar para melhorar depois do jogo contra o São Paulo e voltar para o segundo tempo fazendo o que a gente fez. É inadmissível fazer uma partida dessas dentro de casa. É baixar a cabeça e trabalhar bastante.
O treinador assumiu sua parcela de culpa pelo mau momento:
— Sou o maior responsável por tudo o que está acontecendo. Se alguém pensou que não estou assumindo responsabilidade, entendeu errado. Estou trabalhando para isso. Não vou transferir para outras pessoas, especialmente os jogadores. Não temos dificuldade de entendimento. Nossa dificuldade é na execução. E isso não se deve à falta de qualidade técnica, é uma questão de momento. Nessa hora precisamos ter frieza e trabalhar mais.
A ausência de Mauricio também foi lamentada. Para além da questão psicológica, o treinador explicou que o meia seria titular e que a retirada da concentração foi como fazer perder o treinamento da terça-feira. E isso o obrigou a voltar para o esquema com três atacantes.
Agora, terá a tarefa de recuperar também o fator anímico. Depois de parecer ter embalado ao vencer o Flamengo nos acréscimos e ao avançar nos pênaltis na Copa do Brasil, voltou à estaca zero com as duas derrotas.
— O gol do Nacional parece que apagou aquela faísca que tínhamos ligado contra o CSA. Para reacender, teremos de trabalhar e reconstruir tudo isso de novo.
O desafio virá no sábado, no reencontro com Eduardo Coudet. E, logo depois, o retorno da Copa do Brasil, o Gre-Nal, e o Metropolitanos pela Libertadores. A reconstrução será feita longe do Beira-Rio.