— Preciso encontrar uma maneira firme de a equipe jogar. Queremos propor, mas não estamos decidindo. Se não estamos com esse poder de decisão grande, talvez precisemos propor menos, sofrer menos defensivamente e recuperar a confiança. Quando a confiança estiver de volta, podemos caminhar na direção em que estávamos caminhando.
Foi essa a manifestação de Mano Menezes após a partida contra o São Paulo, no domingo, que mais sinalizou os planos do técnico do Inter para os próximos compromissos. O treinador entendeu que o Inter leva gols demais. De fato, sua defesa foi vazada em 11 dos últimos 13 jogos. E o ataque não tem compensado essa carência. No Brasileirão, por exemplo, o saldo é zero.
A partir de agora, iniciando já na quarta-feira, diante do Athletico-PR, às 19h, no Beira-Rio, os colorados deverão ver um time mais resguardado. Mesmo que isso signifique sacrificar parte do poderio ofensivo. Na prática, há três caminhos para chegar a esse resultado.
Um deles, o que deve ser adotado, aliás é a inclusão de mais um volante para aumentar a combatividade no meio-campo. Até agora, o treinador vinha optando por escalar um jogador mais fixo (nas últimas partidas, Campanharo) e outro mais móvel (De Pena). Mas como o volante não é propriamente um marcador como foi Gabriel, que ainda se recupera de lesão, o setor tem dado espaço demais. O gol de Pablo Maia, no domingo, com espaço para enquadrar o corpo, escolher o canto e chutar, da entrada da área, é a prova disso.
Nesta segunda-feira, antes do treino, o técnico conversou reservadamente com Baralhas. Por cerca de cinco minutos, os dois dialogaram. No domingo, ele havia sido o escolhido para entrar, ainda no intervalo, mas na vaga de Campanharo. Para quarta-feira, não está descartado que ambos joguem juntos, tirando De Pena da equipe (ou adiantando o uruguaio e descansando Wanderson ou Alan Patrick).
A outra alternativa é mudar o desenho tático. Não faz muito parte do perfil de Mano Menezes, mas ele mesmo já apresentou essa formação em algumas partidas. Seria colocar mais um zagueiro e montar um 3-5-2. O trio poderia ter Moledo, Mercado e Vitão, o que permitiria a Bustos ficar mais solto para avançar. O treinador usou esse modelo justamente quando teve Thauan Lara (o que pode ocorrer na quarta-feira, em razão do desgaste de Renê). Com dois zagueiros no combate e um na sobra, os alas estariam mais livres para atacar.
Por último, a mudança poderia ser apenas de postura, e não de nomes. O time baixaria as linhas e marcaria mais próximo à intermediária. Na prática, entregaria a bola para o adversário e apostaria em contragolpes para atacar. Foi algo semelhante ao que se viu contra o Flamengo, quando a equipe teve 35% de posse de bola.
Isso também ocorria no ano passado. Contra o Atlético-MG, partida na qual o Inter aplicou 3 a 0, teve 31% de posse de bola. O time ficou menos com a bola também contra Palmeiras, Atlético-GO, entre outros. A equipe, que foi vice-campeã, ficou em 10º lugar no ranking de posse de bola. Em compensação, teve a segunda melhor defesa da competição. Não será surpresa se essa estratégia voltar a aparecer.