O empate com o Bragantino que afastou o Inter da briga pelo título do Campeonato Brasileiro poderia ter sido um resultado ainda pior não fosse Keiller. O goleiro colorado apareceu para fazer duas grandes defesas no segundo tempo que impediram o time paulista de sair do Beira-Rio com os três pontos. O desempenho levanta a discussão se Daniel deve ou não retomar a titularidade quando estiver recuperado da lesão sofrida no olho.
Daniel vinha sendo questionado antes mesmo de Keiller aproveitar a oportunidade recebida nas últimas duas rodadas do Brasileirão — foi a primeira vez que atuou por dois jogos em sequência. As contestações sobre o titular começaram depois da falha na eliminação para o Globo-RN na Copa do Brasil.
Alguns erros, como no gol de Bitello na goleada do Grêmio no Gre-Nal da semifinal do Gauchão, se alternaram com boas atuações, que valeram para sua manutenção como titular tanto por Alexander Medina quanto por Mano Menezes. O pior momento da relação de Daniel com a torcida, porém, foi na volta das oitavas da Copa Sul-Americana, em julho.
Após ter cometido o pênalti que deu a vantagem parcial ao Colo-Colo, o camisa 1 passou a ser vaiado a cada vez que tocava na bola. A virada colorada com a goleada de 4 a 1 e a classificação ajudou a amenizar a situação.
Curiosamente, Daniel foi um dos poupados na eliminação do clube no torneio continental. Diante do Melgar, ele foi eleito melhor em campo pela Conmebol na ida, no Peru, e defendeu uma cobrança nas penalidades no Beira-Rio —ficando longe das críticas pela eliminação que recaíram sobre jogadores de linha, em especial a Edenilson.
Quando Daniel voltava a viver um bom momento — chegou a ser eleito pela CBF o melhor goleiro do Brasileirão no mês de agosto —, uma falha no empate com o Corinthians no começo de setembro levantou novamente a discussão sobre sua titularidade, embora ele tenha sido respaldado por Mano Menezes ainda em Itaquera.
— A posição é ingrata. Todo mundo erra, mas quando um goleiro comete falha como a bola que ele soltou, e sei que não adianta explicar, mas essas coisas acontecem com os grandes goleiros no mundo todo. Isso faz parte. Não podemos, a cada momento que acontece uma falha, destruir o profissional — afirmou.
Naquela tarde, Daniel foi aos microfones reconhecer o erro. Ele ainda apontou as dificuldades vividas pela inexperiência. Apesar de ter 28 anos, o goleiro está apenas em sua segunda temporada como titular, tendo um total de 89 jogos com a camisa colorada.
— Foi falha minha. Assumo. Uma bola fácil, fui tentar segurar e acabei soltando. Já foi o quarto (erro) esse ano. Agora é trabalhar, levantar a cabeça. Esse momento de falhas era para eu ter vivido antes. Vai acontecer, acontece com qualquer um — resumiu.
De fato, Mano Menezes bancou a titularidade de Daniel mesmo nos momentos de críticas mais fortes. Agora, porém, há uma diferença. Keiller vem jogando por conta da lesão do titular. Ou seja, o treinador não precisa sacar Daniel da equipe. Goleiro com duas passagens pelo Inter, no final dos anos 1980 e no começo dos 1990, Ademir Maria avalia que o momento é propício para uma mudança na hierarquia do gol colorado.
— Esse fato da lesão torna mais simples para o Mano. Daniel se machucou e o Keiller foi bem, o que torna natural a manutenção. É uma oportunidade para fazer a troca porque não precisa tirar o Daniel do time. Pelo contrário, Daniel perdeu treinos com a lesão e o goleiro precisa estar 100%. Goleiro é diferente do jogador de linha, que pode não estar 100% e entrar para jogar 50 ou 60 minutos, goleiro precisa jogar 90. O Inter enfrenta agora o Santos no sábado. Se o Daniel não estiver bem, depois é o Flamengo. Não vai colocar um goleiro voltando de lesão contra o Flamengo no Maracanã — observa o ex-goleiro que defendeu ainda clubes do porte de Grêmio, Cruzeiro e Santos.
Se Daniel está em seu segundo ano como titular do Inter, Keiller também tem temporada em Série A. No ano passado, ele atuou por empréstimo na Chapecoense. Mesmo que o time catarinense tenha sido rebaixado, o goleiro foi bem avaliado, o que influenciou para seu retorno ao Beira-Rio nesta temporada.
— Keiller chegou para ser titular da Chapecoense. Ele iniciou a temporada no gol, mas foi contestado por alguns erros no Catarinense e acabou perdendo espaço para o João Paulo, da base, que também foi mal. Foi uma temporada ruim do time como um todo. A torcida inicialmente pegou no pé do Keiller porque queria rodagem para um jogador da base e não para outro do Inter, existe essa rivalidade. Mas o Keiller retornou ao gol durante o Brasileirão em uma equipe que estava aquém do nível da Série A. Mesmo assim, ele conseguiu se destacar. Dá para considerar que foi uma boa temporada. Teve falhas, mas a contestação foi mais pelo momento do time, que tinha problemas dentro e fora do campo — observa Rangel Agnolin, da Rádio Oeste Capital, de Chapecó.
Agora, caberá a Mano Menezes decidir se Keiller ganhou a posição de titular do Inter ou se Daniel retomará a vaga assim que for liberado pelo departamento médico.
Daniel
- 89 jogos pelo Inter
Keiller
- 8 jogos pelo Inter
- 30 jogos pela Chapecoense
No Brasileirão
Daniel
- 23 jogos
- Gols sofridos: 21 (20 de dentro da área, 1 de fora)
- Média de 0,9 gol sofrido por jogo
- Jogos sem sofrer gol: 10
- Defesas por jogo: 3,2
Keiller
- 5 jogos
- Gols sofridos: 5 (4 de dentro da área, 1 de fora)
- Média de 1 gol sofrido por jogo
- Jogos sem sofrer gol: 2
- Defesas por jogo: 3,4