O corpo jurídico do Inter emitiu uma nota afirmando ter apresentado elementos que enfatizam as contradições das quatro versões apresentadas pelo atleta Rafael Ramos sobre a investigação de injúria racial contra Edenilson. O jogador colorado acusou o lateral do Corinthians de tê-lo chamado de macaco em jogo pelo Brasileirão.
No documento, os advogados destacam a técnica utilizada pelos peritos na coleta de material comparativo de portugueses das mais variadas regiões, além de outros elementos. Segundo o corpo jurídico, há "contradições importantes nos depoimentos prestados pelo investigado no Estádio Beira-Rio e no Superior Tribunal de Justiça Desportiva".
A nota afirma, ainda, que Edenilson "segue firme em sua versão e buscará todas as ações cabíveis para a resolução do caso".
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul concluiu na última semana o inquérito do caso de suposta injúria racial contra Edenilson e decidiu indiciar Rafael Ramos pelo crime. A confirmação foi feita pelo delegado Roberto Sahagoff, titular da 2ª Delegacia de Polícia Civil de Porto Alegre.
Cabe agora ao Ministério Público (MP) definir se irá oferecer a denúncia contra o jogador do Corinthians ou se o caso será arquivado. Também existe a possibilidade de o MP pedir uma ampliação da investigação por parte da polícia.
O caso
As primeiras provas do inquérito foram colhidas ainda na noite de 14 de abril, quando Inter e Corinthians se enfrentaram pelo Brasileirão. Na ocasião, o jogador colorado alegou ter sido chamado de "macaco" pelo lateral-direito Rafael Ramos, do time paulista. No Beira-Rio, o delegado plantonista Carlo Butarelli ouviu os dois jogadores e decretou a prisão em flagrante de Ramos por injúria racial. O jogador foi liberado após o Corinthians pagar uma fiança no valor de R$ 10 mil.
A defesa da Rafael Ramos, no entanto, apresentou uma outra versão do que teria dito o jogador. De acordo com o advogado Fabiano Cerveira, em entrevista ao programa Sala de Domingo, da Rádio Gaúcha, um dia após o fato, o português fez um xingamento a Edenilson usando o termo “mano, caralho”.
O Instituto Geral de Perícias (IGP) divulgou o laudo da perícia labial informando que não foi possível concluir o que Rafael Ramos disse para Edenilson. Antes do parecer do Instituto-Geral de Perícias, outros especialistas em leitura labial já haviam se posicionado sobre o tema. Contratados pelo jogador corintiano, dois profissionais do Centro de Perícias Curitiba afirmaram que a palavra macaco não havia sido utilizada durante a discussão. Porém, em entrevista à Rádio Gaúcha, o perito judicial Roberto Meza Niella disse exatamente o contrário.