A estabilidade é um dos aspectos mais difíceis de serem alcançados no futebol brasileiro. Entre os que estiveram por um longo período num clube está Élio Carrevetta. Após 25 anos, o profissional foi desligado do Inter nesta quinta (10). Em carta, se despediu dos colorados.
Nela, o profissional cita diversos momentos vividos dentro do Inter, como títulos comemorados, trabalhos desenvolvidos e também os momentos difíceis. Ele afirmou estar vivendo "um sentimento de vazio e de tristeza". Porém, garantiu que "o vínculo afetivo que tenho com o Sport Club Internacional, com certeza, é vitalício!".
O desligamento de Carravetta, que ocupava o cargo de coordenador do Departamento de Performance, era tratado nos bastidores do Beira-Rio desde o fim de semana. Ele havia retornado de férias na terça-feira (8).
Na nota em que oficializou a saída de Carravetta, o Inter disse que "o clube agradece por tantos anos de dedicação e profissionalismo e pelo legado deixado durante os 25 anos de contribuição". Abaixo, confira na íntegra a carta de despedida de Carravetta.
Iniciei minha trajetória profissional no S.C. Internacional há 25 anos. Passei grande parte de minha vida nos mais diversos espaços do clube: vestiário, academia de musculação, caixa de areia, salas de reuniões e campos de futebol. Pela intensidade do vivido posso afirmar que eu não apenas trabalhei no Inter – eu vivi o Inter com dedicação profissional, lealdade e muito afeto.
Minha dedicação ao clube, ao longo destes anos, se traduz na implementação do programa de retreinamento para setor de saúde e performance, no entusiasmo com o qual liderei programas especiais para formar e projetar jogadores no cenário nacional e mundial, no acompanhamento aos atletas bem como no exercício da atividade de coordenador em diferentes processos nas categorias de base e na equipe principal do clube.
É inestimável para mim o valor das múltiplas funções, tanto operacionais como gerenciais, que exerci em minha vida profissional no dia a dia do Internacional e as relações humanas ali experenciadas. Senti muita dor diante de perdas irreparáveis de abnegados colegas, jogadores e dirigentes, companheiros na busca e construção do melhor para o clube.
Vivi a tensão das duas vezes nas quais o rebaixamento foi evitado no último jogo do campeonato. Junto a toda comunidade colorada, fui tomado de tristeza e humilhação frente ao rebaixamento. Senti revolta e inconformidade frente a decisões de arbitragem que nos impediram de ganhar o título brasileiro em 2005 e 2020.
Com muita energia e emoção participei, junto a competentes dirigentes e destacados profissionais do mundo do futebol, de 24 conquistas que redefiniram e solidificaram a identidade vencedora e aguerrida do Internacional: 13 Campeonatos Gaúchos (com hexacampeonato entre 2011-2016), duas Recopas Gaúcha, duas Recopas SulAmericana, dois Torneios Internacionais (Dubai Cup, Fronteira da Paz), uma Levain Cup/Conmebol (Copa Suruga Bank), uma Copa Sul-Americana, duas Copas Libertadores da América e a maior conquista da história do clube: o Mundial de Clubes FIFA. Todas essas fundamentais conquistas de títulos aconteceram sustentadas na dedicação árdua e no primor pela excelência presentes no trabalho de todos os profissionais deste grande clube de futebol.
A partir de agora, me toca viver uma nova emoção: o estranhamento. Estou deixando minhas funções profissionais no clube. Por todos os motivos elencados anteriormente tal situação não pode ser vivida sem um sentimento de vazio e de tristeza. Porém a vida, assim como o futebol, nos surpreende e não pode ser conhecida de antemão.
Aqueles que me conhecem como meus filhos, amigos, colegas e jogadores sabem que, espiritualmente, continuarei sempre ao lado deles. O vínculo afetivo que tenho com o Sport Club Internacional, com certeza, é vitalício!