O ídolo está de volta para casa, oficialmente. Nesta quinta-feira (13), Andrés D'Alessandro concedeu a primeira entrevista coletiva na terceira passagem pelo Inter — a contratação foi confirmada na semana passada.
— Intensidade no futebol é uma palavra importantíssima hoje. Eu faço parte de um grupo, orgulhoso, feliz de ter voltado, do Inter ter me aberto as portas do clube. É uma possibilidade que, quando saí ano passado, pensava, mas não era uma realidade. Em conversa com a diretoria, conseguiu, estou feliz em voltar para a minha casa. Tenho de me adaptar à essa intensidade, que a gente já viu nos primeiros treinos com o Medina. Obviamente a idade é importante quando se fala em intensidade, força, parte física, mas vocês vão saber melhor do que eu que ficou muito claro nos quase 13 anos que joguei no Inter que nunca faltei ao trabalho. Tenho deveres e obrigações aqui no clube e esse ano não vai ser diferente. Se o treinador pedir intensidade, certamente um jogador de 20 anos vai ter mais, mas eu não vou ficar muito atrás. A gente não pode correr contra o tempo, é impossível. Eu tenho de saber as minhas limitações para poder estar sempre, e esse vai ser o objetivo — destacou.
O argentino, que recebeu a camisa 10, destacou que está à disposição de Alexander Medina para jogar em qualquer posição e destacou o papel que terá fora do gramado.
— Já fiz três anos jogando de extrema, estou à disposição. Isso aqui é um ganho na minha carreira. Estou muito contente de vestir de novo a camisa do Inter. O que vier na frente, vai ser tudo lucro. Isso não quer dizer que vou deixar de cumprir horário, minhas obrigações. Cobrança vai ter, como sempre foi. Não tem outra maneira para mim do que trabalhar com respeito, com obrigações, com compromisso. Comprometimento é fundamental. Conversei com Medina, e acho que isso fica no segundo plano. Se ele vai me utilizar ou não, fica no segundo plano. Preciso treinar, sentir esses últimos quatro meses na minha trajetória, que eu me sinta atleta. Se ele precisar de mim dois minutos, 20, estarei à disposição. E se não precisar de mim dentro do campo, e sim fora, também estarei à disposição. Trabalho importante nos próximos meses que é comprometer o grupo a ganhar títulos, e o primeiro é o Gauchão. Neste clube, sempre se tem a obrigação de ganhar. Estar convencido, a confiança de cada um, a confiança do grupo, de que nós podemos conquistar. Ninguém vai conseguir sozinho, futebol é coletivo. Unir forçar para que o Inter possa ganhar títulos e, num segundo plano, que cada um possa melhorar a sua carreira — acrescentou.
D'Alessandro também falou sobre a montagem do elenco e as primeiras impressões do trabalho com o técnico Alexander Medina.
— Eu não conheço todo o elenco atual, o elenco foi mudando. Mudou na minha saída em 2016 (para o River), sempre o que fica é o torcedor, é o clube. Muda o presidente, mudam os diretores, mas o torcedor fica torcendo, nos apoiando. O elenco atual tem uma característica diferente. É um elenco novo, tem muita gente nova. Tem obviamente jogadores que trabalharam comigo desde 2017, quando abraçamos a causa da Série B. Cada elenco tem sua característica, seus atletas. Cada elenco teve seus treinadores, às vezes dois, três no ano. Mas o importante é o conteúdo neste elenco. Tem jogadores experientes, novos. Temos de trabalhar. Temos um treinador novo, com ideias novas, com uma característica diferente. Gosta de trabalhar, é intenso, não gosta de brincar — avaliou.
O meia descartou a possibilidade de eventualmente estender o contrato além dos quatro meses previstos, mesmo que se sinta bem fisicamente.
— Eu estou aqui muito vivo, com muita força. Ninguém conseguiu ganhar tudo, só que quando vocês falam do D'Alessandro, vocês mudam o pensamento e a cobrança. Eu sempre matei no peito, e desta vez não vai ser diferente. Estou mais forte, estou como o vinho. Contra fatos e números, não tem o que fazer. O fato é que não ganhei um título nacional no clube, fico triste por isso. Fui vice do Brasileirão, perdi duas finais de Copa do Brasil. Minha história podia ser muito diferente, mas não é assim. Me coloco no meu lugar, com total humildade. Essa conta pendente não vai ser possível para mim. É difícil cravar, mas vou jogar quatro meses e parar. A partir de 1° de maio, deixarei de fazer uma coisa que eu me preparei muito em 22 anos de carreira — afirmou.
D'Alessandro assegurou que ainda não tem nada alinhado para trabalhar no Inter fora dos gramados depois da aposentadoria:
— Nada foi conversado com o presidente. O que foi conversado é o meu trabalho e a minha volta como atleta. Tinha muita vontade de voltar a morar em Porto Alegre já para ficar. E queria poder me despedir do futebol e, sei lá, eu acho que é justo, pelo menos eu sinto isso, que o torcedor me passa isso e o clube me passa isso, é justo me despedir do futebol com a camisa do Internacional. Existia a possibilidade do River Plate também, que foi o clube que me revelou, mas o Inter virou na minha vida o clube em que eu mais joguei, Porto Alegre é a cidade onde eu mais morei, onde a família está bem. Não tinha dúvida em voltar. Tivemos conversas para que fique tudo claro, eu passar a minha ideia de poder ajudar, de não atrapalhar.