Terminada a melhor campanha da história do Inter no Brasileirão Feminino, as atenções do elenco se voltam para o Gauchão. A equipe tentará o tricampeonato estadual, tendo no rival Grêmio o maior obstáculo para a conquista. Aos 34 anos, a volante Thessa vai para a quinta disputa regional, anos depois de estrear pelas Gurias Coloradas, em uma viagem inesquecível. Paulista de Jundiaí, ela trocou o Audax pelo Colorado em pleno Estadual de 2017.
— Cheguei no meio da primeira fase. Minha estreia foi em Ijuí, enfrentei uma viagem de ônibus tão longa que eu me perguntava se era real — relembra, sincera e bem-humorada:
— Na época o nível do campeonato era menor porque tinha mais times, não tinha a federação por trás. O jogo estava marcado para as 10 e entramos em campo às 11 horas da manhã.
Ela ressalta a diferença de estrutura entre os projetos da capital para o interior, percebida já naquela primeira partida. Com o passar do tempo, no entanto, o nível da disputa foi equilibrado. Em 2018, com a entrada da Federação Gaúcha de Futebol (FGF) na organização do torneio, Thessa lembra que via equipes melhores preparadas:
— Diminuiu o número de times, mas melhorou o nível, a coordenação e organização do campeonato em si também. E nos anos seguintes também, equipes e o torneio evoluíram, como tem de ser. Antes era uma aposta, hoje sabemos que é uma realidade que já vingou, tanto em clubes quanto em federações.
Thessa se revela uma torcedora do interior. Quando não está jogando ou treinando e o sofá de casa em Porto Alegre a recebe para o momento de descanso, não é raro que a televisão acabe em algum jogo do Gauchão "para ver em que nível estão as meninas", ela diz. A jogadora celebra a evolução do esporte e a visibilidade da modalidade na mídia nos últimos anos, projetando mais crescimento a partir das competições regionais.
— Se fala muito do estadual em São Paulo, mas o Grêmio também vem chegando forte nacionalmente, isso mostra o nível da modalidade no Rio Grande do Sul. Aqui os clubes e federação estão trabalhando forte, novos times se reforçando. Essa é a competitividade que queremos, além dos times da capital, porque tem muitas meninas boas, precisamos valorizar as equipes do interior para fazer um Gauchão mais competitivo — enaltece.
Analisando o time comandado por Maurício Salgado, com quem ela já havia trabalhado em São Paulo e "não conseguiu se livrar" quando veio para o Rio Grande do Sul, Thessa é só elogios à filosofia do técnico. Experiente, destaca o nível de integração entre as mais jovens e mais velhas, e diz que as oportunidades distribuídas entre as contratadas e as que sobem da base geram resultados positivos dentro de campo.
— Tanto as meninas que chegam quanto as que sobem da base acrescentam sempre. Estamos indo cada vez mais longe e seguimos com aquela sensação de que podíamos ir ainda mais. E depois do Brasileirão precisamos, agora, nos garantir no Gauchão defendendo o título — projeta a volante.