O Inter já havia enfrentado o Olimpia duas vezes neste ano. Depois de golear por 6 a 1 no Beira-Rio e vencer por 1 a 0, em Assunção, ainda pela fase de grupos da Libertadores, o Colorado ficou no empate por 0 a 0 nesta quinta-feira (15), pelo jogo de ida das oitavas de final.
— Era um jogo difícil, como sempre é no Paraguai pela Libertadores. O campo estava pesado. Dava para perceber que os jogadores estavam incomodados porque a bola não tinha velocidade e isso nos dificultou muito. Perdemos muitas situações de gols. Jogamos bem em alguns momentos. Em outros, o Olimpia pressionou. O empate foi bom. Teremos de definir em casa — declarou o técnico Diego Aguirre.
Mas, como explicar o fato de que, apenas dois meses depois, o adversário apresentou um jogo bem mais duro e complicado? A resposta está no próprio Inter e basta analisar os números dos dois jogos para chegar a esta conclusão.
Menos passes e mais lançamentos
É verdade que a escalação mudou. Ao todo, seis jogadores novos entraram na equipe colorada: Daniel, Heitor, Bruno Méndez, Boschilia, Patrick e Yuri Alberto. Porém, a principal alteração se deu à beira do gramado. A partir da troca do treinador, o sistema tático não foi modificado (segue atuando no 4-1-4-1), mas o estilo de jogo empregado é outro.
No dia 20 de maio, no mesmo Estádio Manuel Ferreira, o Inter comandado por Miguel Ángel Ramírez ainda praticava o jogo de posição. De acordo com levantamento do Footsats, naquela ocasião, o Colorado teve 68,2% de posse de bola, trocando 496 passes (com 93,6 % de acerto). A situação fez com que a equipe tivesse 16 finalizações a seu favor (sete em direção ao gol).
Agora, sem o espanhol, reduziram a posse de bola (59,8%) e os passes trocados (323, com 86% de acerto), diminuindo também as chances de gols criadas — oito finalizações, com apenas três em direção ao gol.
Em contrapartida, aumentou o número de lançamentos. Nesta quinta, foram 47 bolas alçadas da defesa para o ataque, com 13 delas chegando ao seu destino. Dois meses atrás, o Inter recorreu havia feito apenas 17 lançamentos, acertando quatro deles.
Outro ponto que chama a atenção é a quantidade de dribles. Com Ramírez, foi apenas uma tentativa. Desta vez, foram 13 (quatro deles por meio de Patrick), o que mostra uma dependência maior das individualidades para criar suas chances ofensivas.
Aliás, basta comparar o mapa de calor elaborado pelo Footstats nestes dois jogos para perceber que, no último duelo, o Inter foi um time completamente torto para o lado esquerdo.
Comparação dos números dos jogos:
Olimpia 0x1 Inter (fase de grupos)
Posse de bola: 31,7% x 68,2%
Finalizações: 10 (2 no gol) x 16 (7)
Passes: 138 certos (81,2%) x 496 (93,6%)
Cruzamentos: 19 (3 certos) x 19 (7 certos)
Lançamentos: 56 (35 certos) x 17 (4 certos)
Dribles: 8 (4 certos) x 1 (1 certo)
Desarmes: 15 x 11
Olimpia 0x0 Inter (oitavas de final)
Posse de bola: 40,1% x 59,8%
Finalizações: 16 (5 no gol) x 8 (3)
Passes: 233 (85% certos) x 323 (86%)
Cruzamentos: 29 (6 certos) x 17 (3)
Lançamentos: 45 (13 certos) x 47 (13)
Dribles: 4 (3 certos) x 15 (13)
Desarmes: 13 x 16