Foi com sofrimento, mas finalmente o Inter conquistou sua primeira vitória no Brasileirão. Com gol de Edenilson, de pênalti, o Colorado fez 1 a 0 no Bahia e deixou a zona de rebaixamento. Coincidência ou não, o resultado positivo foi conquistado justamente na primeira apresentação após a demissão de Miguel Ángel Ramírez. E, mesmo que o vestiário jure que a saída do treinador não tenha influenciado, o que se viu em Salvador, na noite deste domingo (13), foram mudanças no comportamento da equipe que vão além do placar.
Os defensores pararam de trocar passes e os lançamentos em busca dos atacantes se tornaram recorrentes. A posse de bola deixou de ser um objetivo, dando lugar a muita correria e pressão sobre os adversários.
— Todo profissional que passa por um clube de futebol deixa um legado. O Miguel (Ramírez) deixou algumas condições que podemos usar como trampolim para evoluir. Temos que entender que este processo de mudança, na nossa cultura, é normal. Não deveria, mas é. Não vejo a equipe se entregando mais. Os jogadores sabem da sua necessidade de também dar sua prova. Acho que hoje (domingo) deram isso. Conseguimos controlar bem, trancamos bem a frente da área. O Bahia tentou chutes de longa distância que não acertaram o nosso gol e os cruzamentos estavam muito bem controlados — explicou Osmar Loss, responsável por comandar a equipe de forma interina.
E foi praticando um jogo mais direto que o Inter chegou às redes. Em uma roubada de bola, Taison foi acionado e pifou Edenilson, que acabou derrubado na área.
— A gente sabia que ia ser um jogo difícil. Nossa equipe vem da saída do treinador e estamos tentando ajustar algumas coisas com o Osmar (Loss). O lance do pênalti, eu não iria abrir mão de fazer o gol para cavar um pênalti. O próprio goleiro admitiu que fez — declarou o camisa 8, que converteu mais uma penalidade com perfeição.
Fator psicológico
O problema é que, além dos 11 atletas que se posicionam do outro lado do campo, o Inter tem encontrado um outro rival a cada partida: o fator psicológico. Assim, o zagueiro Lucas Ribeiro, de forma inexplicável, agrediu o atacante Rossi enquanto a bola rondava a área do Bahia, após cobrança de escanteio. Pela terceira partida consecutiva, os colorados tiveram de atuar com um jogador a menos — contra Fortaleza e Vitória, Pedro Henrique foi o expulso.
— Os jogadores já sabem de sua parcela. A gente tem a ideia de trabalhar isso (fator psicológico), mas não podemos esquecer que o Inter vem de um final de temporada desgastante, que interfere diretamente dentro de campo. Fomos à final do Gauchão sem tempo para respirar. Temos que entender que os jogadores são seres humanos, que se sentem pressionados quando o momento não é bom. Mas eles sabem onde têm de melhorar e vão dar a resposta o mais rápido possível — comentou Loss.
Desta vez, porém, o Colorado não cedeu à pressão dos rivais. Até porque, o técnico interino não teve pudor nenhum em abdicar da bola, reforçando o setor defensivo com as entradas de Rodrigo Lindoso e Zé Gabriel, e recuando Edenilson para a lateral direita.
Apesar da postura, foi o time gaúcho que seguiu criando as melhores oportunidades por meio de contra-ataques. Somente Yuri Alberto ficou cara a cara com o goleiro duas vezes, mas errou o alvo. Enquanto isso, lá atrás, jogadores como Patrick se doaram para fechar os espaços e impedir que o Bahia roubasse a vitória.
— A gente foi eliminado da Copa do Brasil e ficamos muito tristes. Sabíamos que precisávamos dar uma resposta rápida e fazer alguma coisa melhor. Contra todas adversidades, conseguimos superar o Bahia. Acho que o espírito do Inter foi muito importante. O espírito de uma equipe que quer melhorar e dar uma resposta não apenas para o torcedor, mas para si mesma. Essa vitória tira um pouco do peso, mas tem muita estrada pela frente e temos que continuar dando resposta — comentou o atleta colorado.
Tem muita estrada mesmo. Já nesta segunda-feira (14), a delegação retorna a Porto Alegre, com treino agendado no CT Parque Gigante. Ao mesmo tempo, a direção segue trabalhando nos bastidores em busca de um novo treinador. Na próxima quarta (16), o duelo será contra o poderoso Atlético-MG, no Beira-Rio. E, independentemente de já ter o substituto de Ramírez ou não, o recado está dado sobre a forma como a equipe pretende atuar: com mais transpiração e menos proposição.