A primeira derrota de Miguel Ángel Ramírez no comando do Inter foi logo contra o maior rival. Apesar dos elogios do técnico à produção ofensiva da equipe, prevaleceu o gosto amargo do gol sofrido nos minutos finais. A vitória gremista por 1 a 0, neste sábado (3), na Arena, machucou mas ensinou o treinador, que anseia por uma revanche ainda mais decisiva.
— A derrota sempre dói — admitiu o espanhol na entrevista coletiva, complementando: — Vamos nos ver de novo logo, na final do Gauchão, se seguirmos competindo e ganhando. Vamos ficar entre os quatro primeiros.
O Colorado perdeu a invencibilidade com o novo treinador e a liderança da tabela. Ramírez espera estar mais preparado para encontrar o rival pela segunda vez. O espanhol ainda não completou um mês de trabalho em Porto Alegre, vindo de um trabalho de dois anos no Independiente del Valle, do Equador, que não possui grandes rivais dentro de campo.
— Queremos voltar a nos encontrar, porque ao viver esta primeira experiência adquirimos aprendizado suficiente. Vamos trabalhar para ter mais ferramentas quando enfrentarmos eles de novo — projetou.
Saudades da arquibancada
Ramírez começou a carreira nas categorias de base do Las Palmas, time da segunda divisão espanhola, na pequena ilha de mesmo nome no arquipélago das Canárias, na costa africana. Passou pelo Catar e pelo Equador, porém ainda não viveu a experiência de ter uma multidão apoiando seus jogadores em campo.
Na entrevista coletiva depois do Gre-Nal 430, ele adotou um tom de desabafo para expressar sua insatisfação com a ausência de torcedores nos estádios, em medida necessária para impedir uma disseminação ainda maior do coronavírus:
— Este tipo de partida, sem torcida... Não quero ser respeitoso... Mas é uma merda. Estes jogos precisam de torcida. A situação que estamos vivendo… tomara que mude logo, porque estes jogos devem ser com torcida. Muda totalmente o ambiente. Eu vi este estádio (Arena) cheio de gente, e vazio. Não é o mesmo. A mesma coisa no Beira-Rio, com nossa torcida alentando. Não é a mesma coisa, porque não se sente a pressão, que é a gasolina que torcida nos dá.
A volta de torcedores ao estádio ainda é possibilidade distante no Brasil que atravessa o pior momento da pandemia. Coincidência ou não, a última partida com a presença de público do futebol gaúcho foi o clássico da Libertadores, em 12 de março de 2020.