Os guris colorados terão no começo do Gauchão uma oportunidade única. Primeiro, vão ter a chance de disputar nesta segunda (1), contra o Juventude, um jogo como profissionais do Inter. Segundo, a direção que assumiu o clube em janeiro pretende montar o grupo principal com 40% dos atletas formados na base. Por fim, Miguel Ángel Ramírez, futuro técnico colorado, apresenta como credencial o desenvolvimento de jovens valores.
Mais do que a responsabilidade de entrar no gramado do Beira-Rio, a gurizada carregará a esperança de ganhar espaço no Colorado, ainda cabisbaixo após um fim de temporada frustrante, em que o título escapou por centímetros nos segundos finais da partida contra o Corinthians, na última quinta-feira (25).
O jogo das 20h é como a primeira prova de vestibular para essa geração 2000 colorada. Dos relacionados para a partida de hoje, somente o goleiro Daniel, 26 anos, não nasceu neste século. Com as temporadas 2020 e 2021 emendadas, a direção concedeu folga aos principais jogadores do clube. Há a certeza de que os guris disputar as três primeiras rodadas. A quantidade de partidas pode chegar a cinco, dependendo da estratégia da nova comissão técnica para os nomes mais rodados.
Há a garantia de que o planejamento não será atropelado como em 2007. Naquele ano, o Inter vivia a euforia dos primeiros dias como campeão mundial. A equipe B, comandada por Lisca, foi utilizada para a arrancada do Gauchão. Os resultados não foram bons (uma vitória, um empate e três derrotas). Os tropeços anteciparam o retorno dos principais jogadores, ainda sem a melhor forma física. O resultado foi a queda ainda na primeira fase.
— O planejamento vai ser cumprido independentemente dos resultados — diz o diretor-executivo Paulo Bracks. — O objetivo maior no início do campeonato é dar minutagem para os atletas para que, alguns deles, sejam aproveitados no elenco profissional.
Nomes como o goleiro Daniel, o zagueiro Pedro Henrique e o volante Johnny já fazem parte dos profissionais. Mas a maioria dos jovens estará debutando nas principais competições. O time tem como base os campeões da Copa São Paulo de 2020, comandados por Fábio Matias, o interino até a chegada de Ramírez. Em campo se verá uma equipe rápida, de estatura não muito elevada e que saberá o que fazer com a bola. Entre os principais destaques está Lucas Ramos, meia de boa chegada na área adversária.
— O torcedor pode esperar um time muito técnico. Uma qualidade ofensiva muito grande. Uma ideia de jogo bem moderna. Cada um desses jogadores pode fazer, pelo menos, duas funções. São jogadores que têm uma reserva de evolução gigante. O que pode acontecer é sentirem um jogo mais físico — avalia Gabriel Carvalho, técnico do sub-20 do São José e profissional da base colorada até 2019.
A lista de inscritos para o Gauchão tem inicialmente nove nomes do elenco profissional e 15 da base. Até 38 jogadores serão relacionados para a disputa do Estadual. As inscrições podem ser feitas paulatinamente até 1º de abril. Além das adições, até esta data, é possível fazer a troca de 10 nomes. Para as próximas partidas, o centroavante Paolo Guerrero — o outro jogador deste grupo nascido no século passado — deverá encorpar a equipe. Ele está em fase final de recuperação de uma lesão no joelho direito, sofrida em agosto.
Entre essa garotada será difícil encontrar o sotaque gaúcho. O trabalho de captação para a base colorada foi feito a plagas distantes. Há jogadores de Alagoas, Roraima e até da Colômbia — o atacante Amaya. Dos 24 inscritos pelo clube até aqui, somente sete são nascidos abaixo do Rio Mampituba.
— São observados jogadores nos torneios em que o clube participa. Os avaliadores rodam o Brasil. Existem alguns times referências nessa prospecção. São feitas visitas, há uma aproximação maior. Também tem muita oferta de jogadores desses lugares que procuram o clube para tentar uma vaga — explica Ricardo Grosso, ex-treinador da base colorada, sobre a prospecção feita pelo clube para ter jogadores das mais diferentes regiões.
No meio deste garimpo surgem joias a serem lapidadas. Algumas delas terão nos próximos dias uma chance de ouro nos pés.
Quem é quem na estreia colorada em 2021
- Daniel: é considerado um possível titular para o futuro. Apesar da qualidade, o goleiro teve poucas oportunidades. Jogou somente nove vezes pelo time principal.
- Lucas Mazetti: começou a carreira como atacante, mas se firmou como lateral-direito. Tem ótima capacidade ofensiva e boa entrega na marcação.
- Pedro Henrique: com somente seis jogos como profissional, é uma aposta a curto prazo. É considerado um zagueiro moderno, efetivo na saída por baixo e na bola longa. É visto como um líder dentro de campo.
- Tiago Barbosa: é o jogador mais físico do time que estará em campo hoje. Além da imposição, o tempo de bola do zagueiro é bastante elogiado.
- Léo Borges: jogou duas vezes na temporada passada, uma delas pela Libertadores. Outro que tem origem ofensiva. Embora tenha sido atacante, é um lateral-esquerdo de mais força do que técnica.
- Johnny: conhecido do torcedor. Foram 22 partidas na última temporada. O volante da seleção americana começou a carreira como atacante. Hoje, é considerado um meio-campista que pode jogar em qualquer função do setor.
- Lucas Ramos: meia muito talentoso. Tem passagem pela seleção de base. É um meia-armador que chega bem na frente e tem bom passe vertical. Também pode atuar como volante.
- Cleberson: jogador oriundo do Novo Hamburgo, é um meia com boa visão de jogo. Jogador com capacidade para ditar o ritmo do meio-campo, mas ainda está menos maduro do que Lucas Ramos.
- Nicolas: é atacante de lado e pode também jogar centralizado. É visto como um jogador que pode se encaixar bem no jogo posicional de Miguel Ángel Ramírez, porém ainda precisa amadurecer mais.
- Guilherme Pato: volta de empréstimo da Ponte Preta, onde marcou quatro gols na última Série B. É um atacante que atua pelos lados, com velocidade e verticalidade.
- Vinícius Mello: centroavante de referência. Gosta de usar o corpo e fazer o pivô. Tem muita potência para fazer diagonais e receber nas costas da zaga.