Nos últimos anos, toda a vez que o Inter tinha um Gre-Nal pela frente, a torcida colorada depositava sua confiança na liderança de D'Alessandro. Mesmo que o camisa 10 não iniciasse como titular, estava presente na concentração, no vestiário e berrando à beira do campo.
Tratava-se de um movimento natural, afinal de contas ninguém do elenco colorado havia disputado e vencido mais clássicos do que o argentino. Ao todo, foram 39 jogos contra o Grêmio, com 15 vitórias, 13 empates e 11 derrotas. No próximo domingo (24), porém, ele não estará mais presente. Com o encerramento do contrato do meia, que defenderá o Nacional-URU em 2021, outro atleta terá de preencher este vácuo no imaginário colorado.
— Após a saída do D'Ale, o Dourado foi o cara que o Abel indicou como capitão da equipe. O Edenilson também assume essa responsabilidade. Também vejo o Lomba e o Danilo (Fernandes) como lideranças. E tem o Moledão, que é uma pena ter se lesionado, mas tem um perfil de liderança, até por ser um dos mais antigos da casa. Isso é um ponto que os jogadores respeitam. Então, acho que o Inter está bem servido — aponta o ex-zagueiro Bolívar, que é treinador atualmente.
Capitão da conquista da Libertadores de 2010, o jogador viveu uma situação semelhante quando retornou do Mônaco, em 2008: desembarcou em Porto Alegre quase um mês depois da venda de Fernandão para o Al-Gharafa, do Catar. Com a saída daquele que havia exercido a capitania nas grandes conquistas de 2006, outros líderes foram surgindo no Beira-Rio.
— Aquele time tinha muitos jogadores líderes. A capitania era de todos. O Edinho foi o capitão naquela ocasião, depois o Guiñazu e eu assumi quando chegou o Celso Roth. Os próprios jogadores sabem quem tem perfil para ser capitão e assimilam isso muito bem, pela tua conduta e maneira de tratamento no dia a dia, na hora de cobrar ou colocar os caras para cima em uma situação adversa. Isso acontece ao natural. E aquele grupo era muito experiente e qualquer um que fosse o capitão representaria muito bem — recorda ele.
Nesta temporada, a braçadeira de capitão do Inter já rodou por diferentes atletas. Marcelo Lomba, Víctor Cuesta, Uendel, Edenilson e, mais recentemente, Rodrigo Dourado tiveram esta honraria. Nas imagens divulgadas de bastidores, divulgadas no documentário produzido pelo clube para a despedida de D'Alessandro, ficou evidente que o volante formado na base colorada exerce esta liderança sobre o elenco.
— Espero que tu volte em outros cargos, mais para a frente. Mas deixou um legado para nós e tenho certeza que eu, o Uendel, o Lomba e o Ed, a gente vai tentar dar andamento e ser tudo o que tu mostrou para nós — declarou Dourado no momento em que entregou um quadro com a fotografia de todo elenco ao argentino.
Retrospecto de clássicos dos jogadores:
- Marcelo Lomba: 13 jogos (2 vitórias, 4 empates e 7 derrotas)
- Rodrigo Dourado: 15 jogos (4 vitórias, 7 empates e 4 derrotas)
- Edenilson: 12 jogos (2 vitórias, 5 empates e 5 derrotas)