O confronto de domingo pelo Brasileirão entre Inter e Bragantino marcará o duelo entre as duas melhores equipes do returno. O Colorado, além de líder, também tem a melhor campanha do segundo turno, com 27 pontos conquistados, já o clube paulista é o segundo, com dois a menos, mas vem de vitórias consistentes, como as goleadas contra São Paulo e Vasco e uma vitória maiúscula contra o Corinthians, fora de casa, na última segunda-feira.
Depois de subir da Série B para a Série A, a equipe de Bragança Paulista teve um início de temporada abaixo do esperado pelos dirigentes. Com um time titular bastante jovem e um treinador também iniciante na carreira, viu um desempenho muito inferior ao apresentado durante a disputa da Segunda Divisão, em 2019, quando foi campeão.
Ainda no primeiro turno, teve a troca de Felipe Conceição por Maurício Barbieri na casamata, mas o time demorou a engrenar, esbarrando em alguns erros coletivos, até pelo pouco tempo de trabalho do atual treinador, como a derrota por 2 a 0 para o Inter no Nabi Abi Chedid, em outubro, pelo primeiro turno.
Daquela partida, o Colorado é a equipe que mais mudou, sem o técnico Eduardo Coudet, com mudanças em três das quatro posições da defesa, a entrada de Rodrigo Dourado, a ascensão de Praxedes e Caio Vidal e a consolidação de Yuri Alberto, todos reservas àquela altura do campeonato. No Bragantino, mudança apenas no gol e em duas das três vagas do ataque.
— A equipe vira o turno em 18º, até jogava bem, mas era pouco competitiva. Em novembro e dezembro, com a eliminação na Copa do Brasil, o Barbieri passa a ter os meios de semana livres para treinar e termina o ano até jogando bem, mas perdendo para o Palmeiras. No começo do ano, ganha do São Paulo com autoridade e ali é o ponto de virada. Vencer o líder traz confiança e a fase engrenou, com o treinador conseguindo impor seu estilo de jogo — revela Rodrigo Seixas, setorista do Bragantino no Correio de Atibaia, em São Paulo.
O bom momento vivido em Bragança Paulista deve-se muito a Claudinho, que divide a artilharia do Brasileirão com Thiago Galhardo, do Inter, e Marinho, do Santos, todos com 16 gols. O camisa 10 fez seis desses gols nas cinco partidas disputadas em 2021, só não tendo marcado no empate contra o Atlético-MG. Ao lado de Arthur e Helinho, o meia-atacante tem trazido problemas para as defesas adversárias.
— No começo do ano, o Felipe (Conceição) acendia muito o Arthur e apagava o Claudinho, com o Barbieri, o camisa 10 vive uma fase melhor, mas não apagou o seu companheiro de equipe, ambos são os craques do time. Essa liberdade que o técnico dá para os dois é o ponto principal, com eles fazendo os gols, consegue-se também acertar a defesa, que fica menos exposta — relata Diego Perez, repórter da Rádio 102 FM, de São Paulo.
Esse, talvez, seja o principal ponto que o técnico Abel Braga deva ter atenção na partida contra a equipe paulista. Impondo uma marcação alta e com jogadores ágeis, a saída de bola colorada não pode ter erros, minimizando, assim, as chances de sofrer gols com suas próprias falhas, conforme ressalta o analista tático do ge.globo Leonardo Miranda.
— O primeiro volante do Inter vai ter que ser muito exigido, garantindo uma cobertura dos zagueiros. O Barbieri coloca o quarteto ofensivo batendo com a linha defensiva adversária. O Colorado vai ter que se impor fisicamente, como foi contra o São Paulo. Se o Abel entender que tem que pressionar para não deixar os atacantes receberem a bola, vai ter que assumir um risco de acabar sofrendo com a velocidade deles — afirma, mas completa apontando um "antídoto" para contra-atacar o Bragantino:
— O Inter é um time que vai muito bem na transição, o Abel vem trabalhando isso com os laterais. Acho que o Inter vai dar a bola para o adversário e apostar nisso. A melhor chance é fazer o que o Abel sempre fez em sua carreira de treinador, jogando com a linha baixa. Apesar disso, o treinador também sabe se adaptar a partida, como quando pressionou o São Paulo no Morumbi — completa.
Bragantino em números
- 11º colocado com 44 pontos
- 2º melhor time no returno com 25 pontos (dois a menos que o Inter)
- Em 2021, tem 13 pontos em 15 disputados (dois a menos que o Inter)
- Cinco jogos sem perder (segunda maior sequência no momento, atrás do Inter)
- Artilheiro do Brasil (Claudinho com 16 gols)
Os pontos de atenção do Inter
- A pressão ofensiva na saída de bola
Com linhas altas, o time paulista tem roubado muitas bolas no terço final do campo, perto da área adversária, facilitando assim a chegada no ataque e fazendo gols nas últimas partidas.
- A velocidade do quarteto de ataque do Bragantino
Helinho, Arthur, Claudinho e até mesmo Hurtado têm causado bastante problemas para os adversário em virtude da agilidade que têm para trocar de posições durante os jogos.
- A individualidade de Claudinho
Artilheiro do Brasileirão, o camisa 10 tem sido o principal jogador da equipe paulista na temporada, habilidoso e veloz, marcou seis gols nos últimos cinco jogos.
Onde o Inter pode ganhar o jogo
- A bola aérea
Apesar da defesa ser consistente com Léo Ortiz e Ligger, companheiros desde a Série B de 2019, o time ainda tem sofrido com as bolas cruzadas na área. O Colorado tem marcado inúmeros gols de bola aérea e pode aproveitar essa fraqueza.
- Os contra-ataques cedidos pelo Bragantino
Como joga com linhas de marcação muito altas, o time de Abel Braga pode aproveitar os espaços deixados pelo adversário, com a velocidade de Patrick e Caio Vidal.
- A subida dos laterais
Edimar e Aderlan, laterais da equipe paulista, são considerados jogadores muito oscilantes e em algumas partidas das temporadas acabaram cedendo gols para o adversário.