
Fazendo uma análise fria dos dados, é realmente difícil entender. Não venceu Gauchão, perdeu vários clássicos, teve uma primeira fase de Libertadores complicada.
O futebol, entretanto, está longe de ser uma batalha de planilhas. Ele é apaixonante. Tanto que a torcida senta na frente da TV, em uma segunda-feira sem futebol, para ver uma entrevista do seu treinador. Uma entrevista, gente. Não tem drible, nem chute, nem gol. É só a palavra, em um sotaque estranho.
No início do ano, a torcida colorada foi receber o Coudet com cachecóis no aeroporto. Meses se passaram e o amor não arrefeceu, mesmo com os maus resultados. Qual a explicação?
Assisti a um vídeo com entrevistas dos torcedores do Leeds sobre Marcelo Bielsa, que desperta paixões nas mais variadas torcidas. Uma das frases que eu mais ouvi: "Ele ama o futebol tanto quanto nós".
Por isso um gesto tão simples, como cumprimentar Muricy Ramalho ao vivo pedindo para que ele não se apresentasse, desperta empatia e carinho. A torcida do Inter sabe a importância de Muricy para o clube, e viu nisso uma reverência ao seu legado.
Às vezes, no início da madrugada, eu paro para ouvir o programa do Colling na Gaúcha. Ele coloca áudios de diversos torcedores e debate com eles. Altas horas da madrugada, em qualquer dia da semana, o pessoal está tecendo as mais variadas teses sobre futebol. É preciso muito amor para acordar, comer, viver, trabalhar e até dormir pensando no seu time.
Deve ser por isso que os colorados adoram Coudet. Ele ama o futebol como um torcedor comum. Isso não se mede em uma planilha.