O Inter chegou ao seu terceiro jogo sem vitória no Campeonato Brasileiro com o empate por 1 a 1 com o São Paulo, no sábado, no Beira-Rio, e viu a distância para o líder Atlético-MG aumentar para três pontos.
Com os mineiros tendo uma partida a menos, a briga pelo título parece mais difícil a cada rodada para a equipe de Eduardo Coudet, que demonstra clara queda de rendimento. Nos últimos 18 pontos disputados no Brasileirão, o Colorado obteve seis, um aproveitamento de 33,3%. Somado a isso ainda tem a derrota no Gre-Nal válido pela Libertadores.
A queda de desempenho foi admitida pelo treinador colorado. Mostrando uma certa resignação, o argentino avaliou que os últimos jogos demonstram que o elenco do Inter não tem a quantidade de opções necessárias para disputar duas competições em um calendário que oferece pouco tempo de intervalo entre as partidas.
— Depende da avaliação que se faz. Somamos poucos pontos agora, mas muitos no começo. Se tivéssemos mantido o aproveitamento estaríamos com quatro ou cinco pontos de vantagem e não creio que seja essa a nossa realidade. Se é difícil jogar duas competições, imagina três. Temos utilizado muitos jovens e vamos sofrendo um desgaste. Penso que podemos melhorar na parte futebolística. Penso que podemos melhorar e vamos tentar isso. É óbvio que não estamos capacitados para jogar duas competições diante do apertado que está o calendário. Já disse antes e reafirmo — declarou Coudet, que mesmo antes da vitória do Atlético-MG sobre o Grêmio elegeu o clube mineiro como favorito ao título brasileiro por disputar apenas uma competição.
— Seguramente, além do grande treinador e do elenco, o candidato número 1 é o Atlético-MG tendo apenas uma competição. Se para dois torneios estamos com dificuldade, imagina para três, mas vamos fazer o possível para competir — continuou.
Apesar de o Inter ter jogado em casa, o empate com o São Paulo foi valorizado no vestiário colorado em razão da expulsão do zagueiro Zé Gabriel aos 15 do segundo tempo.
— Penso que fomos superiores no primeiro tempo, em que levamos um gol que não se pode tomar porque estávamos vencendo e com o controle do jogo. Teve a expulsão e a gente correu bem para sustentar. Esse ponto é mais somado que dois perdidos pelas circunstâncias da partida. É claro que brigando pela liderança a gente quer vencer em casa, mas o futebol é decidido com o que vai acontecendo no jogo — avaliou o goleiro Marcelo Lomba, o destaque da partida.
A questão sobre o elenco do Inter também foi abordada pelo executivo Rodrigo Caetano, que fez uma comparação com 2019, quando o Inter priorizou as competições de mata-mata. Embora avalie que o grupo de 2020 seja superior ao do ano passado, Caetano admitiu a possibilidade de rever o planejamento.
— A gente talvez não esteja à altura para conquistar um título, mas nós estamos à altura das melhores equipes para disputar os títulos. Se em algum momento esse desgaste for fazer total diferença e tivermos de fazer alguma opção (de priorizar), como fizemos no ano passado, sentaremos todos e dividiremos essa responsabilidade. Mas eu não posso achar que o nosso elenco está aquém dos demais — ponderou.
Influência política
Eduardo Coudet admitiu seu incômodo com a saída do vice de futebol Alessandro Barcellos, que teve a demissão anunciada pelo presidente Marcelo Medeiros na véspera da partida com o São Paulo.
— Não vou negar que a saída do Alessandro, com quem tenho uma grande relação, me afetou. Ele é uma pessoa que eu gosto muito e saiu. Tomara que não afete (o time). Vamos tentar que não atrapalhe ou atrapalhe o mínimo possível. Ano político em clube grande é difícil, é algo que já passei — declarou Coudet, que questionado novamente sobre a saída de Barcellos reafirmou seu incômodo.
— Recebi mal. Não foi uma notícia agradável para mim — reiterou.
No mesmo tom, Rodrigo Caetano mostrou preocupação com a interferência do cenário política no futebol. O profissional, que tem contrato até o final do ano, não tem a permanência garantida para 2021.
— A questão não é nem a mudança em si, é o entorno. É o clima pré-eleitoral que invariavelmente afeta o carro-chefe do clube, que é o futebol. Isso é em todos os clubes. O que muda é que neste ano a temporada vai até fevereiro e a eleição vai entrar em meio a isso. Ter uma eleição com todo esse ambiente, realmente, não é nada benéfico. Eu sou profissional e nesse momento que temos de tentar seguir da mesma forma que antes — declarou.
Tentando encontrar soluções para a queda de desempenho do time e com o cenário político fervendo, o Inter voltará a campo nesta terça-feira (29) para enfrentar o América de Cali em jogo decisivo na briga por vaga nas oitavas de final da Libertadores. Suspensos, Edenilson e Moisés seguem fora, assim como Uendel e Rodinei, com covid-19.