Bicampeão da Libertadores pelo Inter, o ex-zagueiro Bolívar passa os dias de isolamento em sua casa em Porto Alegre com a família enquanto espera pela volta aos trabalhos no Vila Nova, clube que assumiu como treinador no final de fevereiro. O técnico comandou a equipe goiana em apenas quatro partidas até a paralisação forçada pela pandemia de coronavírus.
Enquanto não pode voltar aos treinos no clube goiano — a reapresentação está inicialmente marcada para 4 de maio —, o ex-capitão colorado aproveita os momentos em família, que são divididos entre atividades físicas com a esposa Verônica, auxílio nos estudos online da filha Victória, de 12 anos (Tales, de 19, também mora com ele), filmes e lives de cantores sertanejos.
O futebol, claro, não fica fora da rotina de Bolívar, que acompanhou as reprises das finais de Libertadores vencidas pelo Inter, além de partidas da Seleção Brasileira nas Copas de 1970 e 1982, exibidas pelo canal SporTV.
Confira a papo de Bolívar com GaúchaZH:
Como tem sido sua rotina neste período de quarentena?
Eu voltei para Porto Alegre quando os treinos do Vila Nova foram paralisados e tenho ficado com a minha família. Fomos apenas até a praia, em Capão da Canoa, para mudar um pouco de ambiente, mas sempre procurando ficar em casa. Também fui visitar os meus pais (moram em Santa Cruz do Sul), mas o resto do tempo é em casa.
E como você tem aproveitado esse tempo?
Tenho aproveitado para curtir a minha família, os meus filhos. O Tales (filho mais velho que costumava aparecer levantando taças com o pai nas conquistas do Inter) tem 19 anos e já trabalha. Acompanho os estudos online da minha filha (Victória, de 12 anos). Também procuro treinar para manter a forma junto com a minha esposa. Aproveitei que passou na TV as nossas finais de 2006 e 2010 e pude matar a saudade. Vi também os jogos da Seleção Brasileira nas Copas de 1970 e 1982. Já tinha visto alguma coisa quando criança, mas agora entendendo é muito mais legal poder rever aqueles craques que a gente tinha.
E fora futebol, o que você gosta de ver?
Ver séries e filmes são coisas que ajudam a passar o tempo. Também acompanhei as lives dos cantores. Gosto de pagode e sertanejo, mais sertanejo.
Então você foi trabalhar no lugar certo, Goiânia é a cidade do Sertanejo.
Sim, Goiânia é berço. Não deu tempo de ir a nenhum show. Fiquei 21 dias lá e fizemos quatro jogos. Já fiquei sabendo que a maioria dos cantores sertanejos torce para Goiás ou Vila Nova. Então, tem muitos torcendo para a gente. Fazendo uma campanha boa vou conhecer alguns.
Quais são os teus cantores sertanejos preferidos?
Gusttavo Lima é top. Gosto também de Bruno e Marrone, Zé Neto e Cristiano e Henrique e Juliano.
Você falou que reviu as finais de Libertadores do Inter. Agora como treinador, muda a visão sobre esses jogos?
Sim. Eu consigo olhar com uma visão diferente, observando correções não só minhas, mas da própria equipe. Isso é legal de observar. Vi também a nossa semifinal contra o São Paulo em 2010, observei mais a parte tática.
Algo que chamou atenção ali?
Naquele jogo do Morumbi (semifinal da Libertadores de 2010), o Taison jogou pela direita. Era normal ter o D’Alessandro pela direita e o Taison pela esquerda para aproveitar o pé trocado. Ali, o Celso Roth quis usar o Taison pela direita porque o Junior Cesar (lateral-esquerdo do São Paulo) atacava muito. Como o Taison tinha muita velocidade, gerava uma preocupação maior para o lateral não subir.
Você falou sobre a velocidade do Taison. A saída dele após a Libertadores deixou o Inter carente de velocidade no ataque?
A gente sentiu falta, sim. A gente tinha velocidade com o Nilmar em 2008 e depois já veio o Taison em 2009. É importante ter um cara de velocidade para receber aquela bola enfiada contra uma defesa alta.
Em jogos antigos, como o das Copas de 1982 e 1970, é possível fazer observações e usar algo no futebol atual?
O time de 1970 tinha quatro jogadores que eram camisas 10, Pelé, Rivellino, Gerson e Tostão. Tinha o Jairzinho, que era a velocidade. O Tostão, por ser um 10 de origem, jogava como um falso 9, que é algo que se vê muita gente usando hoje. Estamos falando de 50 anos atrás e o Brasil já fazia isso. Claro que a movimentação e a dinâmica são outras hoje, mas chamou atenção como o Tostão saía da área e abria o espaço para a entrada dos companheiros.
Quando o Vila Nova retorna aos treinos? O Goiano vai ser concluído no campo?
Está marcado para dia 4 de maio. O Vila Nova tem uma estrutura boa, que vai possibilitar realizar atividades sem risco para os jogadores. Nós estamos na Série C, que acredito que vai começar apenas em junho. Então teremos 40 ou 45 dias de trabalhos até lá. Acredito que o Campeonato Goiano não irá voltar. Tem muitos clubes que contratam jogadores só para o estadual e os contratos até já acabaram.
Houve cortes de salários no Vila Nova?
Não houve. A diretoria acabou resolvendo algumas situações de contratos que iriam se encerrar e aproveitaram para antecipar as renovações.
Qual a meta do Vila Nova para a Série C?
Nosso objetivo na Série C é subir para a B. O Vila Nova, junto com Paysandu, Remo e Santa Cruz, é um dos grandes da Série C. É um dos clubes que já jogaram a Série A. Pela camisa, torcida e tradição, temos o objetivo de subir para a B.