No dia 15 de dezembro de 2011, a Universidad de Chile de Jorge Sampaoli, Eduardo Vargas e Charles Aránguiz ganhava de forma invicta a Copa Sul-Americana, vencendo a LDU por 3 a 0. Desde então, mais de 2,9 mil dias já se passaram e o clube foi da glória máxima a um quase rebaixamento na temporada passada no Campeonato Chileno, torneio que já conquistou quase duas dezenas de vezes. GaúchaZH conversou com jornalistas chilenos para entender o que fez La U, adversária do Inter nesta terça-feira pela pré-Libertadores, decair tanto em tão pouco tempo.
Declínio desde a base
Desde que Eduardo Vargas, Charles Aránguiz e Marcelo Diaz foram revelados pela Universidad de Chile, o clube não conseguiu mais ter êxito na formação de atletas. Isso criou um ciclo vicioso para a equipe chilena. Sem jogadores de qualidade para promover ao elenco principal, o clube precisava fazer contratações de grande valor para preencher o espaço de quem não subia da base.
— A partir do ano de 2012, La U trouxe jogadores que custaram muito, como Luciano Civelli, Eduardo Morante e Ezequiel Vidella. Os três custaram cerca de 5 milhões de euros. Atualmente, não se gasta nem metade disso. Para o Chile, esse valor é muito acima do padrão — afirma o jornalista José Tomás Fernandez, do Diário As, do Chile.
Fraco desempenho dos contratados e rodízio de treinadores
Além de trazer jogadores caros, eles não deram os resultados esperados dentro de campo, o que fez com que o clube apenas arcasse com os custos das contratações — embora as negociações tenham sido, em alguns casos, pedidos de treinadores que chegaram a La U. É aí que surge outro problema: desde a saída de Sampaoli, em 2012, o time se sente órfão do argentino. Até buscou treinadores com ideais próximas às dele, mas em momento algum voltou a atuar com a mesma intensidade de 2011, ano da conquista da Sul-Americana.
— Nesses nove anos, La U trocou inúmeras vezes de treinador. Eles montaram mal o plantel, tomaram decisões erradas. Erro da direção também, que escolhe errado o comandante do vestiário — salienta Carlos Mandariaga, repórter da rádio ADN.
Os erros na contratação de jogadores, treinadores e os gastos excessivos da direção do clube chileno acabou por criar uma bola de neve do lado azul de Santiago. Se desportivamente a equipe não rendia, financeiramente, começou a ficar no vermelho numa relação de causa e consequência.
— Basicamente, uma coisa levou à outra. Rendimentos irregulares, erros nas montagens dos plantéis, troca constante de treinadores, más decisões dos dirigentes. Tudo isso acaba derrubando a equipe em todos os sentidos. O time até ganhou títulos nacionais, mas não conseguiu ultrapassar este patamar para voltar a brigar por algo a nível sul-americano. La U está muito longe dos principais times do continente — finaliza Mandariaga.
Inter e Universidad do Chile se enfrentam na próxima terça-feira, 19h15min, em Santiago, pelo primeiro jogo da segunda fase da pré-Libertadores. Eles brigam para se manter na disputa de uma vaga ao Grupo E da competição sul-americana — que já tem Grêmio, Universidad Católica e América de Cali.