Apesar de toda a instabilidade social vivida na capital chilena nos últimos dias, com enfrentamentos entre torcedores e policiais nos arredores do Estádio Nacional de Santiago, a convicção é de que o jogo válido pela pré-Libertadores será disputado. No domingo (2), poucas horas antes do embarque colorado para Santiago, a Conmebol confirmou que o horário do jogo foi antecipado das 19h30min para as 18h. Ou seja, até segundo aviso, o Inter entrará em campo para encarar a Universidad de Chile pelo torneio continental nesta terça-feira.
— É uma situação social que mexe com o país. Estamos em contato permanente com a Conmebol, que nos passou a avaliação de que a partida está mantida. A gente espera que tenha segurança e condições de jogo — comentou o vice-presidente de futebol Alessandro Barcellos.
É possível dizer que o clube passou a viver a competição sul-americana bem antes de entrar no voo fretado. Mais precisamente, quando poupou titulares no último sábado, enviando jogadores considerados reservas — reforçados por garotos das categorias de base — para empatar com o Ypiranga, fora de casa, pela quarta rodada do Gauchão.
Assim, a percepção é de que os 10 atletas que permaneceram em Porto Alegre, trabalhando no CT Parque Gigante, formarão o time responsável por enfrentar os chilenos de La U. Até porque o técnico Eduardo Coudet terá, na tarde desta segunda-feira, sua única atividade com todo o elenco à disposição antes de entrar em campo.
— Nunca posso dizer previamente quem vai jogar. Vamos ver como estão todos e analisaremos quem irá iniciar (a partida) — comentou o argentino, com poucas palavras, evitando confirmar a informação.
Apesar do despiste, o treinador não tem muitas alternativas. Caso a intenção seja repetir a mesma base de time que venceu o São Luiz, em Ijuí, no meio da semana passada, serão quatro volantes de origem compondo o meio-campo: Musto, Rodrigo Lindoso, Edenilson e Patrick.
Uma novidade poderia ser a entrada do meia Gabriel Boschilia, que, em Erechim, realizou sua estreia com a camisa colorada. Porém, nos 81 minutos que esteve em campo, o jogador contratado junto ao Monaco não viveu uma noite tão inspirada. Embora o próprio atleta tenha aprovado sua exibição, esteve visivelmente desentrosado dos demais companheiros e pouco contribuiu para romper com o zero no placar.
— O ideal nem era colocá-lo em campo hoje (sábado). Mas temos a pré-Libertadores, e o Coudet optou por já trazê-lo para se ambientar — revelou o diretor-executivo Rodrigo Caetano. — O Coudet sempre nos pediu um jogador canhoto para ser mais uma opção por aquele lado. Então, nós fomos ao mercado. Nossa intenção esse ano era de trazer atletas jovens, mas com experiência — completou o dirigente.
O próprio Coudet, no entanto, preferiu não fazer muitos comentários sobre a última aquisição do clube. Em sua entrevista coletiva, apenas endossou o discurso uníssono apresentado no vestiário do Estádio do Colosso da Lagoa, criticando as más condições do gramado.
— Não gosto de falar individualmente dos jogadores. Mas, assim como todos os outros, ele (Boschilia) teve boas intenções. Com um bom campo, sem a bola saltar tanto, poderia se destacar mais — avaliou o técnico.
Seja qual for a escalação inicial escolhida pelo treinador, o Inter está a um dia de começar a 13ª Libertadores de sua história. Até porque, se depender do aval da Conmebol, haverá jogo com ou sem protestos do lado de fora do estádio.
— São partidas internacionais. Os jogadores estão acostumados, eu estou acostumado. Sendo um visitante, o clima é sempre difícil. Não creio que mude nada. Pelo tema social, obviamente, esperamos que esteja mais tranquilo — resumiu Coudet.