Com a contratação de Zé Ricardo, o Inter esperava se tornar um time mais ofensivo. No entanto, o que se viu foi uma piora nos números defensivos. Contra Bahia, Athletico-PR e Grêmio, as redes coloradas balançaram cinco vezes. Ou seja, sob o comando do novo técnico, o time passou a ter uma média de 1,66 gol sofrido por jogo — mais do que o dobro da época de Odair Hellmann.
No ano, com Odair, o Inter sofreu 47 gols em 59 jogos (média de 0,79 gol por jogo). Considerando apenas as 24 rodadas em que o antigo treinador comandou a equipe no Brasileirão, a defesa vazou 23 vezes, tendo média de 0,95 gol por jogo. Ainda assim, ele teria como álibi o fato de ter preservado titulares algumas vezes, enquanto Zé Ricardo usou força máxima sempre.
— O assunto é complexo. Mesmo assim, é um pouco injusto analisar o time em três jogos de um treinador que chegou no final da temporada, com um grupo onde nenhum jogador foi pedido por ele — comenta Gustavo Fogaça, analista de desempenho e comentarista do canal DAZN — Excluindo o Gauchão, o Inter de Odair, em 2018, fez 44 jogos. Usando o "pass per defensive action" (PPDA), que mede a intensidade defensiva, o Inter teve 1.8 na escala, o segundo time mais intenso do Brasil. Por último, o índice DFENS, que mede as defesas mais sólidas do Brasileirão, apontou o Inter como a segunda melhor defesa (2.078 pontos), ficando atrás apenas do campeão Palmeiras. Com Zé Ricardo, as médias pioraram drasticamente. O PPDA pulou de 2 pontos para 2.2. Ou seja, o time cede mais chances aos adversários, sofre mais gols do que esperado e é bem menos intenso que antes — analisa.
Além disso, a média de gols marcados dos dois, pelo Campeonato Brasileiro, é exatamente a mesma. Se, com Zé Ricardo, o Inter marcou quatro gols em três partidas, sob o comando de Odair foram 32 gols marcados em 24 jogos — o que dá 1,33 gol por jogo.
A comparação fica ainda pior para Zé Ricardo se compreendido o período em que o Colorado esteve nas mãos de Ricardo Colbachini. Com os mesmos três jogos do atual comandante, o interino sofreu somente um gol (na derrota para o Vasco). Ou seja, a média de gols sofridos é cinco vezes maior.
— Eu coloco toda a responsabilidade na direção do clube, que interrompeu um trabalho que tinha uma certa regularidade e que podia voltar aos números agressivos defensivamente de 2018 com ajustes e melhorias. Zé Ricardo é o menor responsável nesta queda do Inter — conclui Fogaça.
Confira os números do Inter com os três treinadores:
Odair Hellmann
73 gols feitos em 59 jogos no ano (média de 1,23 por jogo)
47 gols sofridos em 59 jogos no ano (média de 0,79 gol por jogo)
32 gols feitos em 24 jogos no Brasileirão (média de 1,33 gol por jogo)
23 gols sofridos em 24 jogos no Brasileirão (média de 0,95 gol por jogo)
Ricardo Colbachini
2 gols feitos em 3 jogos (média 0,66 gol por jogo)
1 gol sofrido em 3 jogos (média de 0,33 gol por jogo)
Zé Ricardo
4 gols feitos em 3 jogos (média de 1,33 gol por jogo)
5 gols sofridos em 3 jogos (média de 1,66 gol por jogo)