Depois de muita especulação sobre o futuro de Odair Hellmann, o Inter anunciou a demissão do treinador na tarde desta quinta-feira (10). Assim, após 684 dias à frente da equipe, chega ao fim a trajetória do profissional no Beira-Rio.
Odair assumiu o comando do vestiário colorado ainda na reta final da Série B, em 2017, e se despediu após boas campanhas por Libertadores e Copa do Brasil. Entretanto, sem conquistar nenhum título. Ao todo, entre erros e acertos, foram 116 jogos, com 61 vitórias, 27 empates e 28 derrotas — um aproveitamento de 60,3%.
Erros
Postura como visitante
A crítica mais feroz contra o trabalho de Odair leva em consideração os números da equipe fora de casa. No Brasileirão deste ano, por exemplo, foram 12 jogos, com duas vitórias, dois empates e oito derrotas. Mais do que isso, a postura do time foi extremamente defensiva – principalmente nos jogos decisivos, por Libertadores e Copa do Brasil, quando Paolo Guerrero aparecia muito isolado no ataque, enquanto os demais jogadores permaneciam atrás da linha da bola, priorizando a marcação e o contra-ataque.
Falta de variação tática
Desde que firmou o tripé de volantes no meio-campo, no início do Brasileirão de 2018, o treinador teve dificuldades de promover variações táticas. Em outras palavras, ficou refém do 4-1-4-1, abrindo mão de meio-campistas ou escalando-os abertos pelos lados do campo. Em alguns jogos, chegou a modificar os sistema para o 4-2-3-1, mas sempre de maneira previsível — deslocando Patrick para a ponta esquerda e centralizando o meia.
Envelhecimento do time
Nos últimas partidas, jovens como Heitor e Nonato passaram a ganhar mais espaço, mas isso só ocorreu após a perda do título da Copa do Brasil. Antes disso, as opções recaíam quase sempre por jogadores mais experientes, como Uendel ou Rafael Sobis. Do time que foi eliminado da Libertadores pelo Flamengo, por exemplo, apenas dois não ultrapassavam os 30 anos: Patrick, com 27, e Edenilson, com 29.
Acertos
Consolidação do sistema tático
Embora tenha ficado refém do sistema com três volantes, Odair teve méritos ao encontrá-lo. A situação era desconfortável. O time vinha da Série B e de derrotas para o rival Grêmio. Foi justamente em um Gre-Nal, pelo primeiro turno do Brasileirão de 2018, que o técnico armou um tripé de volantes para amarrar o adversário. A partir dali, a equipe deslanchou, alcançando bons resultados e terminando o campeonato em terceiro lugar.
Retorno às grandes decisões
Em 2019, teve a melhor campanha dos clubes brasileiros na fase de grupos do torneio continental, acabando à frente inclusive do River Plate, último campeão da América. Levou a equipe até as quartas de final. Na Copa do Brasil, foi ainda mais longe, deixando o milionário Palmeiras e o atual bicampeão Cruzeiro para trás. Perdeu o troféu apenas na final. Algo totalmente impensável para quem, há dois anos, saía da Série B.
Recuperação de Nico López
Embora tenha ficado mais de 20 jogos sem fazer gols neste ano, Nico López é um dos jogadores que mais precisa agradecer à passagem de Odair como técnico. Antes dele, o atleta que custou cerca de R$ 35 milhões aos cofres colorados, vivia de altos e baixos, sendo reserva inúmeras vezes. Sob o comando do treinador, finalmente conseguiu apresentar seu melhor futebol no Beira-Rio e, em 2018, chegou a ser o artilheiro do elenco.