Sem técnico, sem perfil, sem gols. O Inter pós-Odair Hellmann ficou no 0 a 0 em casa com o Santos. Apesar do empate, e do quinto jogo sem vitória, a equipe ao menos mostrou mais atitude, ao menos no segundo tempo. Depois de ter sido recusado por Roger Machado e por Tiago Nunes, que se negaram a trocar os seus empregos atuais, em Bahia e Athletico-PR, respectivamente, por assumir o Inter imediatamente.
Com o empate no Beira-Rio, o Inter caiu para sétimo no Brasileiro, entregando a sexta posição para o rival, Grêmio. Segundo a direção, o interino Ricardo Colbachini permanecerá no comando da equipe para o jogo de quinta-feira, contra o Avaí, na Ressacada. O novo treinador poderá ser anunciado ainda nesta semana. Mas não será surpresa se Colbachini seguir à frente da equipe também no domingo, diante do Vasco de Luxemburgo.
— Não houve contato (com o Inter), de modo algum. Vivo um planejamento de um trabalho em andamento que está muito bem. Estou bem adaptado ao clube, vamos dar continuidade a isso. Obviamente que fico lisonjeado, principalmente vendo o nível de aceitação da torcida colorada em Porto Alegre. Tenho uma trajetória no maior rival como jogador e treinador. Ser apontado como uma das opções me deixa feliz, ainda mais nesse universo que nós vivemos - disse Roger Machado, na noite de sábado, depois de perder para o Fluminense, e rechaçando a ideia de deixar o Bahia.
Entre os nomes analisados estão os argentinos Eduardo Coudet, do Racing, Jorge Almirón, treinador do Lanús que perdeu a Libertadores para o Grêmio, e que atualmente está no Al-Shabab, além de Ariel Holan, ex-Independiente, e que perdeu a Recopa Sul-Americana para o Grêmio. Mais os brasileiros Vanderlei Luxemburgo, atualmente no Vasco, Abel Braga, no Cruzeiro, e, em caso desespero completo, Zé Ricardo, que está sem clube.
Com o vice de futebol Roberto Melo suspenso por 30 dias, através de pena imposta pelo STJD, o executivo Rodrigo Caetano assumiu o microfone para dar as explicações ainda sobre a demissão de Odair Hellmann e sobre a demora no anúncio do novo técnico. Caetano disse, entre outras coisas, que a pressão externa (sobretudo de redes sociais) acabou por gerar a demissão do treinador. Por isso, o presidente Marcelo Medeiros afirmou, ao oficializar o distrato, que o clube não tinha perfil definido para o novo líder da comissão técnica.
— O jogo contra o Santos mostrou a força do grupo. Tivemos vários jogadores fora de combate hoje (domingo), além de perder o Lindoso. Não era nosso desejo que acontecesse essa interrupção do trabalho (de Odair), mas, no futebol, as coisas acontecem numa velocidade que você não controla. Na quinta-feira também, vamos tentar de todas as formas chegar a um consenso, mas não vou prometer o que não possa cumprir. Dia após dia vamos ver qual será a decisão do departamento de futebol sobre o novo treinador. Diante do Avaí, o Colbachini comandará o time — declarou Caetano.
Com um ar de dúvida sobre a saída de Odair Hellmann, Rodrigo Caetano seguiu elogiando o trabalho do técnico demitido na quinta-feira, e assegurou que o clube tomará a melhor decisão possível para não errar com o novo treinador.
— Uma equipe tem oscilações, de queda de rendimento, mas entramos em uma fase do campeonato em que temos que reagir. O espírito do diante do Santos foi o da continuidade do trabalho do Odair. Ele foi o grande líder disso tudo, e a equipe não teve condição de coroar o trabalho dele e de todos os atletas, que era o título da Copa do Brasil. Para que possamos tomar a melhor decisão, mesmo que ela demore um pouco. Trazer alguém sem a devida convicção, e não alinhada com o modelo de jogo que desejamos, isso não vamos fazer - completou Caetano.
E o executivo finalizou:
— Não estamos em ponto de anunciar um técnico. Se tivéssemos isso já planejado anteriormente, talvez. Mas a gente não faz isso, temos muito respeito aos profissionais que aqui estavam. Temos de manter essa tranquilidade para que tenhamos critério para anunciar o técnico, e encontrar a melhor solução. E isso não vai acontecer de hoje para amanhã ou para terça-feira, e teremos critérios para a escolha do novo comandante.
Colbachini revelou que Odair, em sua despedida, solicitou aos atletas para ajudar o interino.
— Odair pediu aos atletas para me darem força, disse que eu sou ele de dois anos atrás — comentou Colbachini. — Diante do Avaí, tentaremos implantar algumas coisas, como tentar reter mais a bola no campo do adversário — concluiu o interino do Inter.