Há 10 anos, o Inter fez a segunda final de Copa do Brasil da sua história. Depois de eliminar o Coritiba, a equipe do técnico Tite decidiu o título contra o Corinthians de Mano Menezes e de Ronaldo Nazário. E, assim como na temporada 2019, o clube sofreu com convocações. Um drama semelhante ao que vive agora, quando tenta fazer com que a seleção peruana não convoque Paolo Guerrero para dois amistosos, alijando assim o camisa 9 de enfrentar o Cruzeiro e, também, de jogar uma eventual primeira partida final do torneio, prevista para o próximo dia 11.
Antes mesmo de chegar à decisão em 2009, o Inter perdeu duas peças fundamentais para a equipe: o lateral-esquerdo Kléber e o atacante Nilmar. Ambos haviam sido convocados para disputar jogos da Copa das Confederações pela Seleção Brasileira. Assim, a dupla ficou fora da partida de Curitiba, o jogo da volta, quando o Inter foi derrotado por 1 a 0 para o Coritiba. Mas, como havia feito 3 a 1 na ida, avançou à final.
Ainda que o treinador da Seleção fosse o ex-capitão colorado Dunga, ele não se sensibilizou com a possibilidade de desconvocar Kléber e Nilmar – nem o corintiano André Santos –, para ajudar os seus ex-clubes (Dunga também foi jogador do Corinthians). Assim, sem poder contar com lateral e atacante, o Inter foi para o primeiro jogo das finais, no Pacaembu, com Marcelo Cordeiro na lateral e Alecsandro no ataque. Perdeu por 2 a 0, em partida de arbitragem polêmica de Héber Roberto Lopes. No jogo de volta, no Beira-Rio, já com os selecionáveis de volta, o empate em 2 a 2 fez com que o Corinthians comemorasse o título em Porto Alegre.
— Naquela época, tentamos de tudo para liberá-los, mas não teve jeito. Dunga se negou a desconvocar qualquer jogador. Perder Kléber, então o melhor lateral do Brasil, e Nilmar, foi decisivo para que perdêssemos o jogo em São Paulo. Depois, não conseguimos reverter em casa. Uma pena — lamenta ainda hoje o então diretor de futebol do Inter, Fernando Carvalho.
Para evitar repetir o drama de 10 anos atrás, o Inter faz de tudo para que Ricardo Gareca não chame Guerrero para os amistosos contra o Equador (em 5 de setembro) e Brasil (em 10 de setembro), ambos nos Estados Unidos. O diretor executivo do Inter, Rodrigo Caetano, foi a Lima para pedir expressamente em reunião com Agustín Lozano, presidente da Federação Peruana de Futebol, para que Guerrero não seja convocado. Um dos argumentos utilizados por Caetano foi o de que o técnico da Seleção Brasileira, Tite, não convocará jogadores envolvidos em decisões. O jornal esportivo peruano Líbero publicou em sua capa uma foto de Guerrero com a camisa do Inter e com a seguinte manchete:
"El ruego de Paolo (algo como 'A súplica de Paolo', em português)".
Lozano se absteve do "sim" e argumentou que a negociação deve ser feita diretamente entre Guerrero e Gareca, algo que ainda não ocorreu. O Inter espera contar com o camisa 9 para o jogo de volta contra o Cruzeiro – agora de Rogério Ceni –, mas, até o momento, não tem essa confirmação. Caso Guerrero não possa atuar, Rafael Sobis deverá ser o titular contra o seu ex-clube. Tudo o que o Inter mais teme é ver 2009 se repetindo uma década depois.