Contratado em meio à temporada de 2016, quando o Inter foi rebaixado à Série B, Nico López teve um início acanhado no Beira-Rio. Porém, o cenário mudou. O atacante terminou as duas últimas temporadas como goleador do elenco (com 14 e 17 gols, respectivamente). E, neste ano, com seis, aparece novamente à frente dos companheiros de equipe. Ainda assim, não aparece no radar da seleção uruguaia, seu grande objetivo de carreira.
— Tomara. É o sonho de todo jogador. Trabalho para melhorar jogo a jogo. Estou feliz, mas ainda tenho muito a melhorar — declarou ele depois de decretar a vitória colorada por 2 a 0 sobre o Alianza Lima.
Até hoje, a única experiência de Nico com a camisa celeste foi na seleção de base. Em 2013, terminou o Sul-Americano Sub-20 como artilheiro, tendo marcado seis vezes — uma delas, inclusive, na vitória sobre o Brasil, que tinha o ex-volante colorado Fred, hoje no Manchester United, como um dos destaques.
O ápice viria meses depois, na Turquia, quando recebeu a bola de prata no Mundial Sub-20, ficando atrás apenas de Pogba. Aliás, naquela ocasião, o Uruguai perdeu a decisão nos pênaltis justamente para a França. Antes, porém, marcou quatro gols (contra Nova Zelândia e Uzebquistão, na fase de grupos, e dois contra a Nigéria, pelas oitavas de final).
O curioso é que, daquela geração, outros atletas vingaram e têm aparecido nas convocações de Óscar Tabárez, como o zagueiro José Maria Giménez, hoje no Atlético de Madrid, o lateral Diego Laxalt, do Milan, e o meia De Arrascaeta, do Flamengo. O goleador daquela equipe, no entanto, jamais recebeu uma oportunidade na seleção principal.
— Ele foi parte do processo na seleção de juvenis, mas não teve continuidade. A forma de trabalho do maestro Tabárez é ir, à medida que vai acontecendo uma renovação, apelando aos jogadores da base. No posto do Nico López existem dois jogadores que são dos melhores do mundo, como Cavani (PSG) e Suárez (Barcelona). Mas não está descartado que, com algumas lesões e suspensões, ele seja chamado — analisa Emiliano Salomón, repórter da Rádio Universal 970 AM, de Montevidéu.
Dado o conservadorismo do treinador, para a Copa América, o colorado deve continuar de fora. Além dos titulares Cavani e Suárez, outros três atacantes têm sido chamados. Stuani, jogador experiente (de 32 anos) e que, neste ano, marcou oito gols com a camisa do Girona — um deles na vitória sobre o Real Madrid, em fevereiro, em pleno Santiago Bernabéu.
Depois aparece aparece Maxi Gómez, dez anos mais jovem e autor de cinco gols no Campeonato Espanhol, sendo o último quando o Celta de Vigo venceu o Barcelona. Por fim, o contemporâneo de Nico, Jonathan Rodríguez, ex-Peñarol que atualmente é reserva do Cruz Azul e tem apenas dois gols no ano (ambos na partida contra o León, pelo Campeonato Mexicano).
— Penso que o "Diente López" teria que ter uma oportunidade de pelo menos estar na seleção. Já faz várias temporadas que ele faz um bom papel no Inter. Tabárez tem um jeito muito especial de escolher os jogadores da seleção, de manter um grupo. Se o Nico não tivesse passado pela base da seleção, ele não entraria. Exceto o Torreira (meia do Arsenal), todos passaram pela base. Acho estranho que ele não seja convocado, mas nós, uruguaios aqui da fronteira, que gostamos do futebol brasileiro, pensamos que ele merecia uma oportunidade — opina Javier da Cunha, repórter da Rádio Rivera, da cidade vizinha à Santana do Livramento.
Números dos atacantes uruguaios neste ano:
- Edinson Cavani (PSG), 32 anos: 9 gols em 12 jogos
- Luis Suárez (Barcelona), 32 anos: 14 gols em 28 jogo
- Christian Stuani (Girona-ESP), 32 anos: 8 gols em 18 jogos
- Maxi Gómez (Celta de Vigo-ESP), 22 anos: 5 gols em 18 jogos
- Jonathan Rodríguez (Cruz Azul-MEX), 25 anos: 2 gols em 18 jogos
- Nico López (Inter), 25 anos: 6 gols em 16 jogos