O Peru vai parar nesta semana para ver Paolo Guerrero. Maior ídolo do esporte no país na atualidade, o atacante colorado será a grande estrela do jogo entre Alianza Lima e Inter, na quarta-feira (24), às 21h30min, em Lima, pela quinta rodada da fase de grupos da Libertadores.
O êxtase é tão grande entre os peruanos que o clube mandante modificou o local do jogo. Não vai usar o seu estádio, o Alejandro Villanueva, cuja capacidade é de 35 mil pessoas, para jogar em um local maior, o Estádio Nacional de Lima, que pode receber até 50 mil torcedores.
— A expectativa é muito alta aqui no Peru para esse jogo. Paolo Guerrero é uma referência do futebol peruano. Os últimos resultados do Alianza Lima na Libertadores não foram bons, mas esperamos que o estádio esteja cheio. O fato de o Guerrero jogar é muito importante, pois as pessoas querem vê-lo atuar no lugar onde ele nasceu para o futebol — explica o gerente de marketing do Alianza Lima, Benjamin Romero.
Como iniciou a carreira profissional no futebol alemão, Paolo Guerrero jamais atuou no Peru em uma partida oficial envolvendo clubes. Apesar disso, o atacante fez parte de todas as categorias de base do Alianza Lima.
— As pessoas estão ansiosas em ver Paolo Guerrero enfrentar o seu clube do coração. Aqui no Peru, todos acreditam que o atacante não vai comemorar se fizer um gol — relata o jornalista Renato Landivar, do portal de notícias peruano Todo Sport.
O fanatismo por Guerrero é tão grande que há até uma certa dúvida sobre o comportamento dos locais, exemplificado pelo primeiro técnico da vida do atacante. Julio Cullao, 64 anos, lançou o então garoto de cinco anos no pequeno Aguilas de Barranco, em 1989. Amigo do jogador, está dividido sobre para quem torcer na quarta-feira.
— Estou orgulhoso, fico muito feliz que Paolo tenha estreado tão bem no Inter. Torço para ele e também para o Brasil. Será uma honra vê-lo jogar contra o Alianza Lima. Aqui, todos irão ao estádio para assisti-lo. Tenho sentimentos desencontrados, porque sou torcedor do Alianza Lima. Quero que o time ganhe, mas que Paolo faça um gol – conta um bem-humorado Julio Cullao.
Aliás, há no Peru uma grande expectativa sobre qual será a reação da torcida caso Guerrero balance as redes do time da casa no Estádio Nacional.
— É difícil responder a essa pergunta. Não sei o que ocorreria. Todos esperamos que o Alianza Lima ganhe, mas se o Guerrero fizer um gol, é da profissão dele. Ele é profissional, e isso todos nós entendemos e respeitamos – opina Benjamin Romero.
O sucesso do atacante nos primeiros jogos pelo Inter fizeram com que o Colorado se tornasse bastante popular no Peru nas últimas semanas.
— Os peruanos conhecem muito bem o Inter, principalmente pelo (ex-lateral-esquerdo) Martín Hidalgo, que era da seleção peruana e foi campeão mundial em 2006. Até porque naquela época não era comum ver peruanos atuando no futebol brasileiro. Mas, quando Guerrero acertou-se com o Inter, muitos peruanos passaram a seguir o Inter nas redes sociais e hoje querem saber tudo sobre o time colorado — relata o jornalista Franz Tamayo, do site peruano En el medio 10.
É inclusive comum de se ver no comércio peruano camisetas coloradas à venda. Principalmente depois da estreia, diante do Caxias, apareceram diversos uniformes do Inter com o número 9 e o nome de Guerrero às costas.
— Ele é um jogador muito querido no nosso país e, sempre que ele está jogando em uma equipe, há uma demanda muito grande por camisetas do seu time — completa Landivar.
A curiosidade é que Guerrero é um ídolo sem ter representado o Alianza em jogos oficiais. Deixou o clube aos 16 anos para acertar com o Bayern, de Munique. Como o atleta ainda não havia assinado contrato profissional, os peruanos não ganharam um centavo pela transferência. Apesar disso, não existe mágoa entre os torcedores pela forma como o atleta saiu.
— Não há nenhum tipo de ressentimento em relação a isso, pelo contrário. Paolo Guerrero representa o Alianza Lima e o futebol peruano no mundo. Isso sempre foi um orgulho importante para o clube. O povo o adora — salienta Benjamin Romero.
Além disso, a imprensa peruana acredita que a ida precoce para o futebol europeu foi benéfica para o seu desenvolvimento como atleta.
— Creio que o Guerrero fez bem em sair do Peru tão jovem. Ter uma formação na Alemanha lhe ajudou no seu temperamento e no seu futebol — opina o jornalista Jean Pierre Maraví, do diário El Bocón, de Lima.
Apesar do fator Guerrero, o clima promete não ser apenas de festa para os peruanos. Mesmo com chances remotas de classificação para as oitavas de final da Libertadores, o Alianza Lima trata o jogo como decisivo para a conquista de uma vaga na Copa Sul-Americana, que será dada ao terceiro colocado.
— O time vai dar tudo por uma vitória nessa partida especial — finaliza Romero.
Matemática e Libertadores à parte, é inegável que a grande atração será Paolo Guerrero.