A viagem a Curitiba e o jogo diante do Paraná, neste domingo, surgem como um último obstáculo entre o Inter e a temporada 2019. Dono de uma imutável terceira colocação no Campeonato Brasileiro, o clube agora passa a projetar os reforços para um ano de Copa Libertadores — e de um calendário com, pelo menos, 70 jogos.
Para isso, reforços serão contratados. A questão é que o dinheiro para grandes lances é escasso no Beira-Rio. E, mesmo que haja uma venda — a de Rodrigo Dourado, por exemplo —, não será algo que encha os cofres.
Paolo Guerrero, que será liberado para voltar ao futebol em 23 de abril, caso não consiga um perdão e a suspensão da sanção por doping, poderá ser o único medalhão a reforçar a equipe para a próxima temporada. Ainda que o clube especule o mercado brasileiro das Séries A e B, sul-americano, europeu e asiático, dificilmente uma contratação de grande impacto será feita neste primeiro momento.
O Inter busca jogadores com perfil de liderança e, sobretudo, acostumados a títulos. Filtro rígido para o futebol nacional e artigo em falta no Beira-Rio desde a conquista do bicampeonato da Recopa Gaúcha, em 2017, rotina que o clube pretende resgatar já no ano que se avizinha.
Um mantra da Era de Ouro do Inter, de 2006 a 2011, recomendava um reserva em condições de assumir a titularidade para cada titular. O elenco atual não conta com 11 reservas à altura — e as categorias de base não parecem em condições de suprir tais carências no momento. Assim, o clube partirá para buscar soluções no mercado. GaúchaZH apresenta a seguir algumas possibilidades por posições:
Goleiros
- Marcelo Lomba (36 jogos na temporada, 26 gols sofridos, 1 cartão amarelo)
- Danilo Fernandes (20 jogos, 14 gols sofridos, 1 cartão amarelo)
- Daniel (1 jogo, 1 gol sofrido, 1 cartão amarelo)
Aqui, o único setor do time com todos os jogadores em condições de manter o mesmo nível de atuações. Marcelo Lomba substituiu Danilo Fernandes, que precisou passar por uma cirurgia no ombro esquerdo, e se tornou um dos principais nomes da temporada.
Apesar de Danilo seguir com o status de titular, a comissão técnica será obrigada a abrir disputa entre os dois pela camisa 1 em 2019. Afora a experiente dupla, o novato Daniel já provou ter condições de entrar em emergências e conseguir um bom desempenho.
Laterais
- Zeca (19 jogos, 1 cartão amarelo)
- Iago (50 jogos, 2 gols, 12 cartões amarelos)
- Fabiano (30 jogos, 8 cartões amarelos)
- Uendel (6 jogos)
- Dudu (11 jogos)
O Inter que encerra a temporada 2018 não apresenta laterais afirmados para encarar a Libertadores. Zeca, talvez a principal contratação do futebol brasileiro no primeiro semestre, teve uma absurda queda de rendimento ao longo do ano.
Ora como lateral-direito, ora como volante, há quem entenda que o ex-Santos se encontrará caso volte a ser escalado na lateral esquerda. Fabiano pertence ao Palmeiras e só ficará se o Inter desembolsar R$ 4 milhões para comprá-lo, o que dificilmente ocorrerá.
Dudu sofreu uma fratura no tornozelo e voltará a jogar futebol somente em abril. No lado esquerdo, Iago finalizou o ano em baixa e contestado. Uendel amargou a reserva por quase todo 2018 e certamente não é a aposta para ser titular.
— Há pelo menos dois laterais muito bons que disputaram a Série B – diz o comentarista dos canais SporTV Sérgio Xavier, que trabalhou em muitos jogos da Segunda Divisão em 2018. – Guga (de 20 anos), lateral-direito do Avaí, e Bruno Melo (26 anos), lateral-esquerdo do Fortaleza, são jogadores que merecem investimento. Bruno, por sinal, é muito melhor do que Iago — acrescenta Xavier.
Zagueiros
- Rodrigo Moledo (33 jogos, 2 gols, 8 cartões amarelos e 1 expulsão)
- Víctor Cuesta (46 jogos, 2 gols, 20 cartões amarelos e 1 expulsão)
- Emerson Santos (11 jogos, 1 cartão amarelo)
- Klaus (15 jogos, 1 gol, 2 cartões amarelos)
- Thales (13 jogos, 1 gol)
Com Rodrigo Moledo readaptado ao nosso futebol, após dois anos na Grécia, o Inter ganhou uma das grandes duplas de zaga do Campeonato Brasileiro: Moledo e Víctor Cuesta. O problema é que eles não têm substitutos.
Emerson Santos foi o reserva imediato de ambos, mas raras vezes conseguiu manter uma performance semelhante à dos titulares. O Inter precisará de pelo menos mais um zagueiro em condições mínimas de até mesmo disputar vaga no time principal. Algo que hoje inexiste no CT Parque Gigante.
Meio-campistas
- Rodrigo Dourado (47 jogos, 2 gols, 12 cartões amarelos)
- Edenilson (46 jogos, 5 gols, 13 cartões amarelos, 1 expulsão)
- Patrick (50 jogos, 8 gols, 8 cartões amarelos)
- Gabriel Dias (23 jogos, 5 cartões amarelos)
- Charles (7 jogos, 3 cartões amarelos)
- Camilo (23 jogos, 1 gol)
- D'Alessandro (37 jogos, 7 gols, 7 cartões amarelos, 1 expulsão)
- Juan Alano (18 jogos, 1 cartão amarelo)
- Brenner (12 jogos, 3 cartões amarelos)
- Richard (1 jogo)
O meio-campo do Inter tem três titulares absolutos, ainda mais para uma Libertadores: Rodrigo Dourado, Edenilson e D'Alessandro. O quarto elemento desse conjunto é Patrick. Mas o Patrick A.C. (Antes da Copa), pois o camisa 88 do segundo semestre caiu muito de rendimento e deixou o setor em apuros.
Reforços para o meio-campo são necessários, uma vez que D'Alessandro cumprirá 38 anos em 15 de abril, Dourado poderá ser a venda do anual do Inter e Rithely e Martín Sarrafiore ainda são incógnitas. Além deles, os volantes Ramon e Jeferson, mais o armador José Aldo, todos do time B, devem ser promovidos à equipe principal. Mas todos são apostas até o momento.
— João Schmidt é um bom nome, caso Dourado seja vendido. Cria do São Paulo, está com 25 anos, é um volante esguio, técnico e um marcador que comete poucas faltas. Pertence à Atalanta (ITA) e está emprestado ao Rio Ave (POR). É necessário convencê-lo a deixar a vitrina europeia — sugere o analista Leonel Chaves. — E também há o Walter Montoya, já tentado pelo Inter. É um meia dinâmico e agudo. Foi um dos melhores jogadores daquele Rosario Central que eliminou o Grêmio nas oitavas da Libertadores de 2016. Contratado pelo Sevilla, jogou pouco na Espanha e está no banco do Cruz Azul, do México. Não está em seu melhor momento, o que pode viabilizar a negociação, pois é um jogador valorizado no mercado — agrega Chaves.
O comentarista de GaúchaZH Cléber Grabauska entende que buscar um substituto para Patrick e uma alternativa a Edenilson seja algo urgente para o Inter:
— A peça que o Inter precisa priorizar é a de um meia-volante que possa dividir ou ocupar a posição de Patrick e ser o eventual substituto de Edenilson. Patrick caiu muito no returno do Brasileiro e o time perdeu, ao mesmo tempo, força de combate e velocidade na transição. Minha sugestão seria Zé Rafael, mas ele já está no Palmeiras. Então, do próprio Palmeiras o Inter poderia tentar Guerra ou Raphael Veiga. Fora, há Willian Arão, do Flamengo, e Robinho, do Cruzeiro.
Atacantes
- Leandro Damião (32 jogos, 11 gols, 3 cartões amarelos)
- William Pottker (39 jogos, 10 gols, 6 cartões amarelos, 1 expulsão)
- Nico López (49 jogos, 14 gols, 8 cartões amarelos, 1 expulsão)
- Jonatan Alvez (38 jogos, 5 gols, 7 cartões amarelos)
- Paolo Guerrero (Não jogou pelo Inter)
- Rossi (29 jogos, 1 gol, 5 cartões amarelos)
- Wellington Silva (16 jogos, 1 gol, 1 expulsão)
Este foi o setor mais abalado por lesões e suspensões. Para começar, Leandro Damião e William Pottker ficaram de molho por 60 dias, cada. Damião jamais se livrou das lesões e contusões durante 2018. Desde as dores nas costas até lesões musculares, foram 118 dias fora de ação no ano.
Jonatan Alvez foi contratado para suprir a ausência de Damião, mas não chegou a ter um desempenho à altura do camisa 9. Chegou Guerrero e, com ele, o retorno da suspensão por doping, em vigência até 23 de abril de 2019. Rossi está deixando o Inter e voltando ao futebol chinês, enquanto Wellington Silva pode ter o empréstimo renovado junto ao Fluminense.
Para a sorte do Inter, Nico López mostrou o seu melhor nível em 2018. É imprescindível neste ataque. Com o retorno de Guerrero, além da possível permanência de Damião, a equipe precisará uma reposição a Rossi. O comentarista de GaúchaZH Leonardo Oliveira sugere três nomes para reforçar o Inter em 2019, todos que cabem no bolso do Beira-Rio:
— O primeiro deles é Fernando Zampedri. Tem 30 anos, é 9 de força e de confronto com os zagueiros. Caso Damião não renove, ele seria um bom nome para ocupar o lugar até Guerrero estar totalmente à disposição. O peruano volta no fim de abril, mas três semanas depois precisará se apresentar à seleção de seu país para a Copa América. Marco Rubén esteve em litígio com o Rosario Central do seu coração no meio do ano, flertou com o Inter e até acertou-se com o Santos. Tem 32 anos e conhece muito bem a área e a Libertadores. E, por fim, Nicolas Fernandez. Seria um bom nome para o lugar de Rossi. É jogador de lado e de velocidade. Foi destaque do Defensa y Justicia na campanha até as quartas da Sul-Americana. Tem 22 anos e 1m75cm de altura.